sábado, 10 de janeiro de 2015

"Maysa" no especial “Luz, Câmera, 50 anos”

Para comemorar o cinquentenário da Tv Globo, está sendo apresentado o especial “Luz, Câmera, 50 anos, que reexibe obras que marcaram a história da televisão brasileira. 

A série vai ao ar a partir das 22h26 e ontem, dia 9/1, foi a vez de "Maysa", de 2009.


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 Em 9 capítulos, contava a vida da musa ,morta em 1977 num acidente na Ponte Rio-Niterói.
A ação se passa entre as décadas de 50 e 70.
O texto e roteiro eram de Manoel Carlos e a direção geral de Jayme Monjardim, filho da cantora.

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“ |Os olhos de Maysa são dois oceanos não pacíficos”




Manuel Bandeira



No dia 22 de Janeiro de 1977,Maysa se dirigiu a um estúdio de gravação no centro do Rio para gravar sua participação no lançamento de um empreendimento imobiliário, o “Quintas de Arembepe” que seria lançado na semana seguinte e foi almoçar com os pais em Copacabana.
Muito carinhosa, deitou no colo dos dois, disse que os amava e pediu que cuidassem de seu canário.
A insônia andava terrível. Maysa tinha trocado a bebida por medicamentos (inclusive Minifage,muito na moda na ocasião,inibidor de apetite e Lasix,diurético ) A mistura de mais de 30 medicamentos, tinha efeitos colaterais devastadores O pai sugeriu que ela esperasse o dia seguinte,domingo, para seguir viagem em direção a Maricá, praia localizada a 65 quilômetros do Rio, onde morava.
Ela preferiu seguir.Dirigindo sua Brasília na Ponte Rio-Niterói a mais de cem por hora,com o vidro esquerdo dianteiro aberto e o direito fechado o que,segundo a perícia,causou um vácuo no interior do carro e causou instabilidade `
As 17.50,uma forte rajada de vento fez com que a motorista perdesse o controle ao tentar se desviar de outro carro,a Brasília atingiu um cabo de aço e chocou-se de frente no muro de concreto que separa as duas pistas da ponte Rio-Niterói. 
Com a violência do impacto Maysa sofreu múltiplas fraturas expostas,afundamento de tórax.lesões na cabeçae morreu antes que o resgate chegasse.
O filho Jayme,recém casado, ouviu a notícia pelo rádio ,na fazenda de um amigo.
Eu estava em Florianópolis, com as minhas entao crianças. E vi ,na pequena tv do hotel, Cid Moreira narrar ,no “Fantástico”,a trajetória artítica da minha ‘ídola’ e colega de dia e mês de aniversário.
Senti a morte como se estivesse perdendo uma parente.
Como era muito próxima da direção da agência de propaganda que veicularia a campanha,tinha pedido para ser apresentada a ela. O destino não permitiu.
Mas todos nós vamos ter a oportunidade de mergulhar na vida profissional e particular desa maravilhosa e incompreendida mulher,graças ao filho,o hoje diretor de tv e cinema Jayme Monjardim,que dirige a minissérie contando a vida de sua mãe.
A campanha de lançamento do empreendimento em Arembepe foi suspensa. O jingle virou relíquia.Maysa é para sempre.
Felicidade Infeliz
Maysa Figueira Monjardim nasceu no Rio de Janeiro em 6 de junho de 1936,filha de Alcebíades Guaraná Monjardim (de origem italiana) e Inah Figueira , de tradicional família capixaba(que foi Miss Vitória e de quem a filha herdou os olhos claros) Seu irmãoAlcebíades (Cibidinho) nasceu em 1942.
Ainda criança aprendeu piano clássico(durante oito anos) e violao .Adolescente começou a compor e cantar em reuniões familiares,frequentadas por amigos de seus artistas amigos de seus pais como Elizeth Cardoso e Sylvio Caldas.
Boa geminiana,tinha grande facilidade para idiomas e cantava em ingles, francês,espanhol e italiano. Pulando de colégio em colégio,não conseguiu terminar os estudos.
Aos 17 anos,(25/1/1955)casou com André Matarazzo, da millonária e tradicional família paulista, vinte anos mais velho e filho de Andrea, patriarca eamigo de boemia de seu pai.
Passou a lua de mel na Europa e, na volta,foi morar na mansão dos Matarrazzo,na Avenida Paulista. Em pouco tempo se instalou um profundo tédio e,deprimida, engordou muito.Em 19 de maio de 1956,nasce o único filho,Jayme.
Ainda durante a gravidez,foi convidada pelo produtor Roberto Corte Real a gravar um LP para o selo RGE.Por exigência do marido,não se apresentaria como cantora profissional e a renda do disco seria doada ao Hospital do Cancer ,mas sem divulgação nada aconteceria. Matarazzo exigiu vir ao Rio de Janeiro e acompanhar o trabalho de divulgação.
Maysa começou a cantar na Rádio Mayrink Veiga e,depois na Radio Record de São Paulo.Em março de 1957, com o sucesso nacional de sua composição “Ouça”,passou a estrelar um programa semanal de televisão e começaram os problemas com a bebida.
Mundo Vazio
A pressão para que abandonasse a carreira levou ao final do casamento.As letras das músicas dos 3 LPs editados em 58 e 59 refletem a situação : "Convite para Ouvir Maysa", volumes 2, 3 e 4: "Meu Mundo Caiu", "Felicidade Infeliz", "Por Causa de Você", "Mundo Vazio", "Saudades de Mim", "Candidata a Triste", "É Preciso Dizer Adeus", "Eu não Existo sem Você", "Pedaços de Saudade", "Amargura", "Deserto de nós Dois". Sua discografía na RGE também contém"Maysa é Maysa... é Maysa... é Maysa", "Voltei", "Maysa Canta Sucessos" e "Maysa, Amor... e Maysa".
Separada de André,renovou o contrato com a RGE, agora como cantora profissional.Foi para Nova York,onde se apresentou no clube noturno Blue Angel”e, na volta,se radicou no Rio de Janeiro.
Em 1960,convidada pela Real Aerovias para o primeiro vôo da empresa Rio-Tóquio, tornou-se a primeira cantora brasileira a se apresentar no Japão.
Depois de um período complicado,tentou reorganizar a vida em 1964.Foi o ano do casamento com Miguel Azanza, um belga naturalizado espanhol.Viveu 4 anos na Espanha, onde fez tratamento para emagrecer e contra o alcoolismo .
Voltou ao Brasil em 1968.Gravou dois LPs: Maysa" e "Canecão Apresenta Maysa", gravado ao vivo Aqui se juntou ao grupo pioneiro da bossa nova,gravando “Barquinho”,de RobertoMenescal.
A popularidade como cantora vinha junto cm um período tumultuado, onde rumores de tentativas de suicídio se misturavam ao abuso de álcool e romances tumultuados.
O namorado mais conhecido desta época foi Ronaldo Bôscoli,que a acompanhou numa turnê pela na casa de shows Canecão, na Urca.
Trabalhou ccomo atriz em teatro e TV( O Cafona, e Bravo!, com Carlos Alberto, Bel-Ami, na TV Tupi.)
Embora tenha sido a artista brasileira mais bem paga na décadas 50 e 60 ,não se passou um dia sem que a imprensa publicasse alguma notícia sobre ela:escândalos e fofocas,tentativas de suicídio, agressões a espectadores nos shows,barracos em aviões,regimes de emagrecimento,internação para desintoxicação,depressão,
Teve relacionamentos com o compositor Ronaldo Bôscoli, o empresário Miguel Azanza, o ator Carlos Alberto e o maestro Julio Medaglia.
Fez temporadas de sucesso em diversos lugares de São Paulo, como no João Sebastião Bar e no Rio de Janeiro (Au Bon Gourmet e Canecão, entre outros) 

Excursionou pela América Latina, atuando diversas vezes em Buenos Aires, Montevidéu e Lima. Apresentou-se em Paris, Lisboa e Luanda, capital de Angola.
Em 2007, os 30 anos da morte de Maysa foram lembrados com o lançamento de um CD de covers e uma coletânea com músicas inéditas, e duas biografias: “Só numa Multidão de Amores”, do jornalista Lira Neto e “Meu Mundo Caiu - A Bossa e a Fossa de Maysa”, de Eduardo Logullo.
A minissérie realizada por Jayme Monjardin, filho da cantora com o industrial André Matarazzo, e escrita por Manoel Carlos começou a ser exibida  no
 dia 5 de janeiro de 2009.
O mapa astral da cantora mostra Sol em Gêmeos, Lua em Sagitário,Ascendente em Peixes e outros cinco aspectos em Gêmeos,inclusive Quiron que, astrologicamente, representa o domínio da escuridão pela luz espiritual .Mas,no caso de nossa Maysa,isso nunca se concretizou.
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TV Cultura "Estúdios"   1975
https://www.youtube.com/watch?v=RKgTxp8_FCc

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