Amando simplesmente o amor,sem distinções, a escritora francesa Anaïs Nin alternou homens e mulheres,heteros e gays como objetos de paixões.
Protagonizou triângulo amoroso com o escritor Henry Miller e sua mulher June,que serviu como base do roteiro para o filme “Henry e June”, de Philip Kaufman ,em 1990 ,com Maria de Medeiros fazendo o papel de Anaïs,Fred Ward como Miller, e Uma Thurman como June Mansfield.
Nasceu em Neuilly-sur-Seine,nos subúrbios de Paris em 21/2/1903, mais velha de 3 irmãos e única filha do catalão Joaquin Nin,compositor e pianista e da dinamarquesa Rosa Culmell,cantora lírica.
Justamente na fase “de latência”( como dizem os psicanalistas),quando a sexualidade sai um pouco de cena para dar lugar à intelectualidade, Anaïs descobriu a importância da figura paterna em sua vida afetivo-sexual,
dando lugar a um complicado labirinto de emoções
Aí está a semente das futuras versões não censuradas de seus diários . Escritos desde os 12 ano, quando o pai abandonou a família e publicados após a morte em1977.
A bordo de um navio que levava mãe e filhos aos Estados Unidos,começou esta produção literária,hoje publicada em seis volumes condensando cerca de 15.000 páginas, manuscritas e,depois,datilografadas ao longo de 50 anos de sua vida
Adolescente,Anaïs Nin deixou a escola e começou a trabalhar como modelo e manequim.
1923 foi o ano do casamento com Hugh Guiler,um executivo na área financeira.
Começou a frequentar o meio literário e conviveu com todo o círculo formado por D.H. Lawrence e seus amigos. autores.Interessada em psicoterapia,estudou com
Otto Rank,seguidor de Jung.
Os contos eróticos “quentes”, publicados em 1936 foram também baseado dos diários(não tão) secretos.
Durante o tempo em que viveu com o marido em Paris, (entre 1923 e 1939 )e- em especial- depois de ter conhecido o também polêmico Henry Miller,Anaïs viveu um momento de enorme criatividade.
Seu primeiro livro,datado desta época, foi D.H. Lawrence: an Unprofessional Study (1932).
Outras eletrizantes partes do diário falam de seu despertar sexual,primeiro com June e depois com Miller e da elaboração de ”Incesto”, de 1936 e de um livrinho " The Winter of Artifice",de 1939
Estas duas obras são consideradas o que há de melhor entre sua ficção.
Drama familiar
“Incesto” conta a história da violência sexual e do abandono,ambos protagonizados pelo seu adorado pai.
Ela registrou em seu diário não só a luta para tê-lo de volta mas também idealizou ali a “boa menina” que ele poderia ter amado.
Embora tenha tido contato em várias ocasiões, desde que saiu da França, com este pai narcisista,a reconciliação só aconteceu em 1932.
Aí começou uma fase enlouquecida só superada com muita,muita,muita terapia psicanalítica.
A relacão incestuosa pai/filha terminou,mas Joaquin Nin continuou atormentado, morrendo em Cuba (1949),após ter sido rejeitado por Anaïs.
A relacão incestuosa pai/filha terminou,mas Joaquin Nin continuou atormentado, morrendo em Cuba (1949),após ter sido rejeitado por Anaïs.
A casa de Louveciennes
2 bis ,Rue de Montbuisson, Louveciennes:este é o endereço da casa alugada em que a escritora viveu entre 1931 e 1935.
Salão literário e artístico, “laboratório da alma”,por ali passaram Antonin Artaud, Lawrence Durrell, Brassaï e todo mundo que contava.
Abandonada, a casa se degradou lentamente
Foram feitas várias tentativas para adquiri-la de seus proprietários,devido à sua importância cultural e histórica.
Uma Associacão para salvar a casa de Anaïs Nin foi fundada em 1995 e existe na internet um site “militante” para angariar donativos.
Até agora a restauração não pode ser completada e a casa continua interditada ao público
Rejeição e generosidade em Nova York
As repercussões da vida pessoal causaram uma rejeição tremenda no círculo artístico de Nova York, que Anaïs tentava frequentar.
Para conseguir publicar o que escrevia fundou uma gráfica em Greenwich Village,perto do apartamento que dividia com o marido,onde também foram republicados os diários de Paris e uma colecão de ficção Under a Glass Bell (1944).
Os contos eróticos nasceram da generosidade de Anaïs,que cobrava um dólar por folha para doar aos artistas pobres da cidade
Um grupo de amigos gays e bissexuais estava sempre `a volta,alguns dos quais foram seus amantes.
Ícone feminista e bígama consentida
Os seis volumes dos diários publicados ainda em vida,censurados,a tornaram uma figura cult do movimento feminista que nascia nos Estados Unidos.
Ela fez palestras para milhares de estudantes em Universidades,embora também fosse criticada pela sua falta de interesse em assuntos políticos e econômicos
Muitos grupos lésbicos entenderam seu compromisso com a abertura de mente e liberdade de expressão para as mulheres.
Anaïs negou seu lesbianismo em "Seduction of the Minotaur,"mas trechos de seu diário provam o contrário.
Durante os últimos 30 anos de vida,Anaïs se dividiu entre dois maridos: Hugh Guiler em Nova York e Rupert Pole em Los Angeles.
Palavras proféticas de Henry Miller
En 1973 recebeu o título de doutora honoris causa do Philadelphia College of Art.
Foi eleita para Instituto Nacional de Artes e Letras em 1974
Por ter conhecido de perto as mudanças constantes dos diários,as partes distorcidas, censuradas e em seguida liberadas,Henry Miller previu que Anaïs Nin , com sua obra, “teria lugar de destaque entres as “Revelações de Santo Agostinho” e a obra de Petrônio,Abelardo,Rousseau e Proust”
Morta em 14 janeiro de 1977 em Los Angeles,após a cremação, suas cinzas foram espargidas na Baía de Santa Monica.
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3 comentários:
Thereza,
Seu blog, que acompanho há tempos, sempre é muito interessante, trazendo notícias sobre personalidades e fatos que a maioria da "grande mídia" ignora.
Obrigado por partilhar sua inteligência, bom gosto e, sobretudo, sua elegância para com todos nós, dos virtuais mundos.
Humberto
Gostei de seu post sobre Anaïs.
Foi um dos mais completos que achei sobre ela.
Estou para publicar um artigo sobre Delta de Vênus, e nisso, posso destacar seu blog como fonte de pesquisa.
Muito bom.
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