Os 62 dias do primeiro governo popular da história
A guerra teuto-francesa de 1870 - que criou as condições para a implantação da “Comuna de Paris” - teve origem na reivindicação do trono da Espanha pelo príncipe Leopoldo von Hohenzollern Sigmaringen - parente afastado o rei Gulherme I, da Prússia.
O trono ficara vago depois da guerra de 1868.
Sem o conhecimento do rei, Otto von Bismarck - primeiro ministro da Prússia -convenceu o príncipe Leopoldo que o trono espanhol deveria ser ocupado por alguém da dinastia. Governada por Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, a França foi contra por achar que os alemães teriam uma presença muito forte nos governos europeus.
A ameaça de uma guerra iminente entre França e Prússia fez o Príncipe desistir de seu objetivo. Não satisfeito com a simples desistência, Napoleão III exigiu, além de um pedido formal de desculpas, a garantia de que a dinastia Hohenzollern nunca mais disputaria o poder na Espanha.
Bismarck, que contava com o apoio dos países de lingua alemã, manipulou esta última exigência, distorcendo os fatos para que parecesse um ultimato da França. Foi a gota d’água.
A guerra foi declarada em 19 de julho de 1870 e, imediatamente, a Alemanha e seus vizinhos formaram uma uma frente contra Napoleão III e suas tropas.
O Império Áustro-Húngaro, a Rússia, a Itália e a Inglaterra preferiram manter a neutralidade. A batalha decisiva desta guerra foi na manhã de 1º de setembro, em Sedan. Napoleão III assumiu o comando militar, mas percebendo a situação ordenou que fosse levantada a bandeira branca. Nesta mesma noite, foi assinado o armistício e decretada a prisão de Napoleão e seus 83 mil soldados franceses. Como reparação, a França abdicou da Alsácia e pagou uma enorme quantia em dinheiro.
Em Paris, a notícia da derrota provocou uma rebelião: a Assembléia Constituinte foi dissolvida e proclamada a República, em 4 de setembro.
Quinze dias depois, as tropas alemãs cercaram a cidade-luz.
Um governo de resistência foi instalado em Tours, mas os franceses foram novamente derrotados. Atendidas as novas exigências dos vitoriosos, começaram sérios problemas de abastecimento. Em 28 de janeiro de 1871, uma Paris faminta - a população se alimentando dos animais do zoológico, cães, gatos e ratos - finalmente capitula, enquanto Napoleão III fugia para a Inglaterra.
Começa, então, uma guerra civil entre o povo e o governo instalado em Versalhes. Em 26 de março, é eleito um conselho municipal e, dois dias depois, é proclamada a Comuna de Paris pelos trabalhadores e militantes revolucionários.
Foi a primeira experiência de um governo realmente popular na história da humanidade.
Os 62 dias do novo regime em busca de uma sociedade mais justa terminaram com o massacre de seus líderes.
O período entre 21 e 25 de maio de 1871, passou para a história como a “semana sangrenta”, quando o exército francês executou sumariamente 30 mil cidadãos, prendeu 38 mil e deportou outros 7mil.
A Comuna extinguiu o serviço militar obrigatório, suspendeu pagamentos, fechou lojas de penhores, separou a Igreja do Estado, estabeleceu teto salarial para funcionários públicos, fechou fábricas, decretou o fim do trabalho noturno dos padeiros e organizou trabalhadores em cooperativas.
Mas não teve sensibilidade, ou não houve tempo hábil, para a importância de assumir e nacionalizar o Banco da França, deixando nas mãos dos inimigos o poder económico.
Embora uma tentativa frustrada de promover a igualdade entre as classes, a “Comuna” ajudou a abrir caminho para algumas das mais importantes conquistas sociais. dos trabalhadores no século seguinte.
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