sábado, 9 de novembro de 2024

O baile da Ilha Fiscal. 9 de novembro de 1889

   

135 anos exatos  do último baile do Império e do fim da Monarquia Constitucional e Parlamentar



O Ultimo Baile do Império e o Fim da Monarquia Constitucional e Parlamentar

"Assim como ficou conhecido, o Baile da Ilha Fiscal foi organizado com requinte, e segundo alguns críticos com muita pompa e excentricidade, o que serviu como o derradeiro pretexto para o fim da Monarquia Constitucional Parlamentarista e Proclamação da República. E de fato a Proclamação da República Brasileira, ocorreu no dia 15 de mesmo mês, apenas 6 dias após o baile.
O motivo alegado para o baile era diplomacia envolvendo uma homenagem aos 
oficiais do navio chileno "Almirante Cochrane". 
Do site "Rio de Janeiro Hoje"

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Entretanto, alguns interpretam também como se o baile fosse uma demonstração de força ou tentativa de promover e revigorar o regime monárquico que ainda tinha bastante apoio popular, mas encontrava crescente e forte oposição política, embora dentro do parlamento o Governo tivesse maioria.


A oposição vinha de setores tidos tanto como progressistas como também de setores retrógrados e reacionários.
 Existia a insatisfação nos círculos militares nacionalistas e progressistas e, também. oposição por parte de políticos Republicanos. 
Existia a perda de prestígio do Imperador devido à abolição da escravatura em 1888.
Assim, os setores que eram contrários à abolição   se voltaram contra a monarquia.

Exposição de objetos sobre o Baile


Existe uma exposição permanente em uma das alas do palacete da Ilha Fiscal, que trata do "Ultimo Baile do Império", onde estão expostas algumas peças de vestuário, objetos decorativos utilizados e inclusive o convite original para festa.

As Cenas do Baile e Quadro com Alegoria de Mudança do Regime

A pintura que äbre" o texto mostra o baile, com convidados vestidos à rigor e a ilha iluminada durante a festa que só terminou ao amanhecer.

 É a principal parte do quadro de Francisco Figueiredo, cujo original se encontra no Museu Histórico Nacional, mas uma cópia se encontra emoldurada em um dos salões do palacete da Ilha Fiscal. 
retratando o belo e faustoso baile organizado no local.

Dom Pedro II e a Familia Real aparecem à direita, em torno do qual as pessoas se ajuntam, porém deixando um espaço vazio diante dele, e tendo perto, imediatamente ao lado os oficiais do Encouraçado Almirante Cochrane. 
D.Pedro é o homem de barba longa, a face aparecendo bem iluminada.


Este quadro também tem particularidades interessantes. Parece  que começou a ser pintado antes da proclamação da república e o que talvez devesse ser apenas uma representação do baile, acabou incorporando alegorias que aparecem na parte superior, talvez feita ao final do trabalho.

Ampliada a imagem para ver o quadro em sua totalidade,    observa-se  que, entre as nuvens, uma mulher caminha com a bandeira do Brasil à frente do que seriam os republicanos representando a chegada da república. 

Do outro lado, a representação do Regime Monárquico Parlamentar.

A mulher que segura a bandeira, seria uma alusão à Marianne, uma figura alegórica que representa a República Francesa, que apareceu em um famoso quadro de Delacroix chamado "A Liberdade guiando o povo".

Esta figura passou a representar a república de um modo geral, existindo inclusive estátuas representando "Marianne" em um salão do Palácio Tiradentes, erguido no início do Século 20 no Rio de Janeiro, antiga sede da Camara dos Deputados e onde os Presidentes da República tomavam posse.

Acrescentando esta alegoria, talvez o pintor tenha se livrado de parecer partidário do Império ou de fazer apologia da monarquia, e assim teve sua obra aceita, sem o risco de ser retalhado aos pedaços.

Reunião no Clube Militar enquanto o baile se realizava

No mesmo dia, ao entardecer, enquanto os convidados elegantemente trajados chegavam para o baile, no Clube Militar, o tenente-coronel Benjamin Constant, presidia uma reunião com os republicanos para articular o fim e queda da monarquia.


A Proclamação da República e o fim da Monarquia Constitucional aconteceu 6 dias após o baile
E assim, decorridos seis dias do baile, no dia 15 de Novembro de 1889, a República foi Proclamada dando início à uma nova era no Brasil. 

A proclamação da República foi feita por meios revolucionários, não tendo existido uma transição absolutamente legal quanto à mudança da constituição.


A mudança, sob a ótica social, era necessária em função dos novos tempos, novos anseios e amadurecimento da nação. 

Embora a Monarquia fosse constitucional, a participação política e influência da população era restrita, e o sistema era considerado elitista. 
De certo modo a influência política era ligada à posse de bens, ou posição social hereditária. ou nobreza por descendência, ou mercê régia (nobreza conferida pela Monarquia). 

E questionava-se a legitimidade de um lider com título de nobreza hereditária e não por méritos pessoais. 
A idéia da monarquia não era mais amplamente sustentável diante das novas visões políticas e filosóficas.


Além de outros fatores, havia o fato de Pedro II ter como legítima herdeira ao trono a Princesa Isabel. casada com um Conde francês.
A figura e influência de um principe consorte estrangeiro também incomodava. 
Na verdade, o questionamento era mais voltado contra a legitimidade da Monarquia e sua continuação. 

Quanto à legitimidade de Pedro II como líder, este não era o alvo de críticas, já que era popular, respeitado e tido como uma pessoa íntegra.
O Brasil entrou em uma nova era, com a proclamação da República. 
Após ser formalmente comunicado pelos militares, o Imperador Pedro II foi exilado e deixou o Brasil com sua família,indo para a Europa.


Ilha Fiscal
O Brasil  teve  como ultimo governante do regime Monárquico Constitucional, Pedro II, um homem de visão progressista e aberta para o futuro.  
Embora o fim da Monarquia Constitucional fosse inevitável, existe a crítica quanto à forma como aconteceu o processo. 

Muitos homens de bem consideraram a deposição de D.Pedro II uma grande deslealdade para uma figura que sempre honrou o Brasil, promovendo desenvolvimento e sua defesa. 

Alegam que mais justo seria que existisse uma transição. 

Que a transição para a República fosse feita em decorrência da morte de D.Pedro II, que já se encontrava em idade avançada, transição esta que poderia ser feita de forma políticamente negociada, ou não. 
 

Existiu uma consciência quanto à importância da figura de D.Pedro II, que recebeu novamente seu reconhecimento por parte dos governos que se sucederam através de inúmeras homenagens.
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O baile pode ter sido interessante como prestígio para todos os políticos e apoiadores que foram convidados, mas foi um divisor de águas para os indecisos ou que tinham menos prestígio e não foram convidades e se sentiram melindrados ou desprestigiados. 
E para os inimigos o motivo que faltava para justificar o fim da monarquia constitucional.
Na verdade, a monarquia já estava politicamente enfraquecida
 Havia necessidade apenas de um pretexto significante perante a opinião pública, para colocar um fim no regime   e iniciar a era Republicana.
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Dom Pedro II e Imagem do Governo
Por sua vez, o Imperador Pedro II era tido como um homem extremamente culto, interessado no progresso do Brasil. 
Ele próprio se considerava um cientista, e alguns também o consideram um homem que foi muito interessado nos avanços tecnológicos da época e trouxe estes avanços para o Brasil.
 
Além do mais, Pedro II era um homem que realmente gostava do Brasil, tinha uma visão de progresso e preocupação com a defesa e autonomia do pais. 

Durante seu governo, se preocupou com as defesas da capital reequipando e aumentando o poder defensivo de fortalezas como o Fortaleza de São João e Fortaleza de Santa Cruz entre outras.

Pedro II era tido como um Rei popular, e regularmente concedia audiência para cidadãos comuns. 
Muitos politicos e apoiadores apostavam em sua continuidade. 

E talvez para promover a Monarquia, apostaram neste baile, que na verdade foi uma aposta totalmente errada.
  Como se diz popularmente, o resultado no balanço geral foi "um tiro pela culatra".

Como foi o Baile

Em torno de 3 a 5 mil pessoas participaram do baile, que foi até o amanhecer. 
A ilha estava taõ cheia, que não era possivel que todos os convidados entrassem no palacete ao mesmo tempo. Muitos ficaram apenas de fora a circular pelo ambiente. 
As comidas e bebidas eram fartas, requintadas, servidas por incansáveis garçons.  

Duas orquestras tocaram por toda a noite enquanto os convidados dançavam e perambulavam pela ilha. 
O som das orquestras preenchia todos os ambientes, inclusive ao ar livre,
A Ilha foi especialmente decorada e iluminada, vários e inúmeros móveis foram especialmente trazidos para a festa,   para decorar e ambientar os salões mais reservados ao Imperador e Princesa Isabel, mas o conforto foi proporcionado por todo ambiente.

convite baile


Os convites também eram luxuosos,com ostentação desnecessária, mas talvez usual para a época ou para o tipo de evento a que os organizadores se propunham.
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Jantar

      - fonte :Wikipedia


O jantar oferecido teve pratos incomuns para a época e bebidas alcoólicas importadas, dentre estes:

  • 800 kg de camarão;
  • 300 frangos;
    Capa do cardápio do último Baile da Ilha Fiscal, 1889. Arquivo Nacional.
  • 500 perus;
  • 64 faisões;
  • 1 200 latas de aspargos;
  • 20 000 sanduíches;
  • 14 000 sorvetes;
  • 2 900 pratos de doces;
  • 10 000 litros de cervejas;
  • 304 caixas de vinhos,champagne e bebidas diversas.

Uma banda, instalada a bordo do "Almirante Cochrane", o navio homenageado, tocou valsas e polcas madrugada adentro.


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