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A abolição da Abolição Até o estabelecimento da agroindústria
açucareira,do tabaco e do algodão nas Américas,a
escravidão era uma consequência das guerras: os
vencidos serviam ao vencedor e os seres humanos
que excediam as necessidades eram vendidos. A escravidão, no continente americano, se destacou
de todas as outras formas de servidão por ter sido
organizada de forma empresarial. Trezentos e sessenta e dois anos (1526-1888)
separam o início do
tráfico negreiro no Brasil da abolição definitiva da
escravatura, no
papel e na pena. Vindos de diferentes partes da África, os negros
ajudaram a tornar o Brasil uma potência agrária e
aqui sofreram toda espécie de dominação e
exploração sexual.
Corpos sem alma
Durante a escravidão, os portugueses (e
portuguesas) podiam exercer - sem nenhuma
censura-qualquer espécie de manifestação de
luxúria sobre os corpos dos escravos.
O "direito de propriedade" era extensivo às
emoções e aos sentimentos dos cativos.
O processo foi "aperfeiçoado" com o tempo.
Para satisfazer a necessidade de povoar um país tão
grande, nada melhor do que a
promiscuidade nos navios negreiros.
Quando as negras engravidavam, o patrimônio de
seus senhores aumentava porque, segundo as leis da
época, o senhor não pagava pelo feto no ventre da mãe. Máquinas de fazer sexo O caráter lúbrico da escravidão existia na própria
organização
hierárquica: para preservar a honra das moças de
família -futuras
sinhazinhas - os senhores estimulavam a iniciação
sexual de seus filhos com as escravas adolescentes.
As esposas brancas eram usadas apenas para
reprodução,enquanto as escravas serviam para a
satisfação dos verdadeiros desejos.
Os mulatos gerados desta violência no calor
tropical eram aproveitados na lavoura - o trabalho
braçal era considerado algo desprezível pelos
rapazes brancos.
Os homens negros também eram mais atraentes e
robustos que os pálidos sinhozinhos e muitas vezes
serviam como solução para o problema carencial
das sinhás.
"CASA GRANDE E SENZALA"
"Casa Grande e Senzala" de 1933, o clássico de
Gilberto Freyre, é
leitura fundamental para explicar o comportamento
sexual do brasileiro do tempo da Colônia e do
Império.
"Nenhuma casa grande do tempo da escravidão quis para si a glória de
conservar filhos maricas ou donzelões.
O que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com sua docilidade de escrava:
abrindo as pernas ao primeiro desejo do senhor -
moço.
Desejo? não, ordem".
******** Gilberto Freire (1900-1987), conta que nos
mercados, os compradores examinavam a
mercadoria (normalmente nua), para ver a
dentição,o estado dos pulmões, o tamanho dos
órgãos sexuais e a rigidez dos seios das negras.
As mulheres brancas, para sublimar o abandono
que sofriam dos maridos, costumavam exagerar na
dose quando puniam escravos, de preferência as de
sexo feminino. Algumas iaiás mandavam cortar mamilos das
adolescentes, outras destruíam os dentes perfeitos
da raça negra com o
salto de suas botinas de couro legítimo, algumas
tinham amantes negros.
Continente destruído
A chegada da família real portuguesa fugindo dos
exércitos de Napoleão,em 1808, transformou a
colônia em centro do Império: os portos se abriram
para os navios do mundo, o país cresceu e a
demanda por escravos,aumentou.
Dados estatísticos de 1850 falam de uma
população de seis milhões de escravos vivendo no
Novo Continente.
Historiadores calculam que, dos 12 a 13 milhões de escravos
transportados para as Américas, o Brasil recebeu
cerca de 3 milhões e meio, dos quais entre 5 e 10
por cento morriam no primeiro ano depois da
chegada.
A repressão ao tráfico negreiro só foi
iniciada no século XIX, quando a escravidão
atingiu seu auge. Esta
irrecuperável perda humana de centenas de
gerações foi responsável pela situação de
fragilidade em que se encontra,até hoje, o
continente africano
Ser escravo no Brasil
Abolido legalmente em 1830, o tráfico só
acabou,para valer,em 1850.
O Rio de Janeiro era o principal ponto de
distribuição dos escravos
vindos do centro-oeste africano e da África
Oriental.
Enviados às
províncias de Minas Gerais e São Paulo,
trabalhavam em mineração e grandes plantações de
café, que tomavam o espaço da floresta tropical.
Os escravos chegados a Salvador abasteciam a
economia, já decadente, do açúcar no Nordeste.
A escravidão na produção agrícola foi, sem dúvida,
a que sempre
interessou os historiadores, mas a escravidão urbana
era tão ou mais abominável.
Os trabalhos domésticos, a fabricação de
vestimentas e de instrumentos de uso diário
tornavam muito íntimos escravos e seus senhores.
A prostituição também era liberada e estimulada nas
grandes cidades: muitas escravas sustentavam
assim seus senhores que, geralmente, também eram
seus amantes.
Algumas "felizardas" passaram do concubinato da
senzala para as pratarias da sala de jantar, como
Xica da Silva, cantada em prosa e verso.
Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares (1655-
1695), ícone do movimento negro, foi o pioneiro da
resistência e o dia de seu assassinato, 20 de
novembro, foi transformado em Dia Nacional da
Consciência Negra.
Um modelo novo de quilombo surgiu na fase final
da escravidão : um esconderijo seguro de onde era
possível organizar fugas e que permanecia quase em
completo segredo.
O Quilombo do Jabaquara, em São Paulo - um dos
maiores do Brasil - era mantido por doações de
simpatizantes da causa e administrado por Quintino
de Lacerda, líder nato e articulador político.
As camélias do Leblon
José de Seixas Magalhães, industrial do ramo de
malas de viagem
estabelecido na Rua Gonçalves Dias (Centro do
Rio), possuía uma chácar no então distante subúrbio
à bera mar que se transformou no hoje meu
charmoso bairro do Leblon.
Na chácara de Seixas, existia uma floricultura onde
trabalhavam
escravos fugidos cultivando camélias, o símbolo
oficial do movimento abolicionista.
Nota para os leitores cariocas: a floricultura
ficava localizada no terreno do Clube Campestre,
imediações da rua Timóteo da Costa - Alto
Leblon.
Seixas, cabeça aberta e moderna,
contava com a
cumplicidade dos principais líderes
da
Confederação Abolicionista.
Senzala vertical
Ainda hoje existem resquícios da servidão do
passado: trabalhadores escravos sustentam donos
de terra que mandam matar agentes do INCRA e
freiras americanas, o turismo sexual
(principalmente nas cidades marítimas) que inclui
no pacote uma mulher, geralmente negra, para
também fazer o serviço doméstico.
Mesmo em tempo de PEC das domésticas,nos
apartamentos e casas dos condomínios de luxo, os
quartos e banheiros de empregada minúsculos nada
mais são que a senzala vertical que tanto
surpreende os estrangeiros que aqui chegam.
As madames, tocando sininho para chamar
desajeitadas empregadas uniformizadas de avental
e touca-como nas imbecilizantes novelas
televisivas,são a versão atual das sinhás moças do
passado.
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Assista ao vídeo "As camélias do quilombo do
Leblon", de Gil e Caetano
https://www.techenet.com/2015/08/caetano-gil-camelias-do-quilombo-do-leblon/
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