domingo, 8 de dezembro de 2024

Oscar Wilde

                                   Exposição OSCAR WILDE no Petit Palais

                                          (cartaz abaixo) 


 



"Só os que um dia perderam a cabeça sabem raciocinar”.


O problema básico da inadaptação social de Oscar foi o fato de ter nascido no momento mais preconceituoso e rígido da História da Inglaterra : o final da era vitoriana.
Naquele contexto tudo era determinado por regras rígidas. Existiam parâmetros de comportamento, vestuário, atitude, ética, arte e literatura.
E ai de quem ousasse violar as normas !

Wilde não se conformou. 
Ousou, rompeu  com o paradigma, desafiou, perdeu a reputação, enfrentou dificuldades e incompreensões, foi banido de sua terra, caiu em desgraça perante seu círculo pessoal e o mundo literário da época.

Morreu longe de casa, sem nunca mais ver os filhos e passou a ser obrigado a usar um nome falso.
Tudo isso e mais uma condenação a dois anos de trabalhos forçados na prisão de Reading pelo “crime” de ser homossexual.
Vinte anos tiveram que passar para que seu gênio pudesse ser reconhecido e uma fama triunfal tomasse o lugar do desprezo e do escárnio.

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Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde - filho de um oftalmologista renomado e de uma intelectual engajada na luta pela independência da Irlanda - nasceu em Dublin, em16 de outubro de 1854.

De formação familiar protestante, estudou na Portora Royal Scholl, no Trinity College de Dublin e complementou sua educação na Universidade de   Oxford, onde se filiou à Loja Maçônica ali existente.

Em 1876, começa a escrever poesia a sério e muitos de seus trabalhos são publicados na Irlanda.
Em 1878, termina os estudos superiores, já vencedor do prêmio literário Newdigate (Oxford), com o poema Ravenna. Ravenna, no litoral norte da Itália, foi a melhor recordação de uma viagem de férias - feita três anos antes, em companhia de amigos.

 
Um Dândi em Oxford 

Wilde fazia um estilo marcante com longos cabelos, vestimentas de dândi e paletós sempre ornados com flores.
Ao mesmo tempo, a mente brilhante era influenciada pelas doutrinas de John  Ruskin - escritor, crítico de arte e sociólogo - que pregava “a importância da beleza, a dignidade do trabalho e a feiúra das máquinas” e do epicurista Walter Pater - criador. do movimento conhecido como “a arte pela arte”, de forte apelo hedonista.

Mudou-se para Londres e começou a ter uma agitada vida social. Ali, o conservadorismo vigente não deixou passar em branco suas extravagâncias nos quesitos vestimenta e at
itude.

O Movimento Estético e o casamento 


Oscar passou o ano de 1882 em viagens pelos Estados Unidos, fazendo conferências sobre o Movimento Estético que havia fundado como resposta ao que considerava “o horror da sociedade industrial”, tendo adotado o lema  de Pater ,“ A Arte pela Arte”.Era apreciador da beleza em estado puro e pregador da “sensacão física como um fim em si mesma”.
No ano seguinte, foi a Paris, onde frequentou o círculo literário local tendo voltado a se instalar na Inglaterra.
 
Recém chegado à Inglaterra, conheceu a bela irlandesa Constance Mary Lloyd, com quem se casou em 1884.Considerada “um bom partido” - era filha de um conceituado advogado de Dublin - vivia em Londres, da renda da herança do avô.
Mulher moderna, inteligente e ilustrada com quem Wilde podia trocar idéias   sobre interesses mútuos, Constance era fluente em italiano, francês e alemão.

O casal passou a morar em Chelsea, bairro de artistas e intelectuais. Wilde continuava muito elegante e se vestia com roupas e adereços extravagantes que, segundo suas palavras, ”refletiam o que havia no interior de sua personalidade”.
Cyrill, o primeiro filho, nasceu em 1885.
 


Sedução,obssessão e ruína 


Em 1886, ao mesmo tempo em que nascia Vyvyan, segundo filho, Wilde assumia, pela primeira vez abertamente, uma relação homossexual. 

Conforme sua declaração, foi “seduzido” por Robert Ross, um canadense que era hóspede da casa.
A vida familiar com Constance começou a ser uma fonte de escândalos, quebrando todas as regras do conservadorismo vitoriano.

Cresceu a reputação de excêntrico, começaram a aparecer charges e caricaturas a seu respeito na imprensa inglesa, principalmente na revista satírica Punch.

Em 1890, publica 'O Retrato de Dorian Gray'', que mostrava, com detalhes, as teorias estéticas do autor.

Em 1891, Wilde conhece aquele que seria sua obsessão e ruína: Lord Albert Douglas, o ”Bosie”.
Os dois passaram a ser vistos constantemente juntos e Constance teve que lidar com problemas financeiros, já que Bosie era sustentado por Wilde, que lhe fazia todas as vontades.

Processado pelo Marquês de Queensbury - pai de Bosie – e com o testemunho de pessoas que tiveram acesso à sua rotina e costumes sexuais, o escritor foi julgado culpado de "práticas estranhas à natureza” e condenado a  dois anos de trabalhos forçados pelo tribunal de Old Baley.
Constance e os filhos precisaram deixar a Inglaterra e trocar o sobrenome, agora maldito, para Holland.
 
 
Decadência

O
s livros de Wilde desaparecem das livrarias, suas peças saem de cartaz, perde a tutela dos filhos e tem seus bens leiloados para pagar as custas do processo.

Prisioneiro, primeiro foi colocado no cárcere de Wansworth e depois em Reading onde escreve o belíssimo poema "A balada do Cárcere de Reading".
Ali também é escrito o texto “De Profundis”, uma carta dirigida a Bosie, onde tenta explicar sua conduta, dirigindo  ao ex-companheiro uma acusação que, na verdade, é uma confissão completa de amargura e culpa.

Em maio de 1897, Wilde deixa a cadeia. 
Do lado de fora, são poucos os amigos que o esperam , entre eles o maior e mais fiel : Robert Ross.
Viaja para a França na mesma noite, instalando-se em Dieppe com o nome de     Sebastian Melmoth, personagem de um livro escrito por um tio -avô.

Seu segundo pouso na França foi a pequena cidade de Berneval, onde se tornou muito popular, sendo até recebido em casa do vigário da paróquia local.

Passou a usar roupas baratas e deselegantes, morou num pequeno apartamento de duas peças e perdeu totalmente o estímulo para escrever.
Resgate Tardio
Túmulo de Wilde no Père Lachaise,Paris
Constance, de quem sempre permaneceu amigo, morreu em 1898, em consequência de complicações de uma cirurgia na coluna.

Batizado na véspera pelos ritos da Igreja Católica e sem jamais reencontrar os filhos, Oscar Wilde morreu de meningite em 30 de novembro de 1900, no Hotel Alsace, em Paris.

Enterrado como indigente no cemitério de Bagneux em 1909, seus restos foram transferidos para o 
Père Lachaise,ponto obrigatório de visitação

O túmulo foi ornado pela magistral escultura de Sir Jacob Epstein.
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