segunda-feira, 19 de abril de 2021

Florbela Espanca - uma das mais importantes poetisas de Portugal e da Literatura Portuguesa

 Para a querida prima Anamaria Paiva de Sousa, que a vida me "devolveu" depois de tanto tempo .





 
Em Oeiras, a cerca de 31 km de Lisboa, existe um espaço de 25,5 

hectares criado para homenagear  a poesia portuguesa.
 
O memorial tem um anfiteatro ao ar livre, uma fonte cibernética que 

executa efeitos diversos,o bosque com estátuas dos poetas ,um 

estádio de futebol e balneários, um parque infantil e um parque 

Florbela no Parque dos Poetas em Oeiras

poliesportivo.
 

Florbela Espanca ali se encontra, com  destaque.
 
Ela  abordou temas como amor, erotização, angústia e sofrimento em prosa e versos . 
Foi das primeiras feministas em Portugal, 
 trazendo a figura da mulher para suas obras, sempre pontuadas com exclamações.

Da seleção dos 60 poetas  homenageados, 50 são portugueses e dez de países ou territórios lusófonos.

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Batizada como Flor Bela Lobo, mais tarde  autonomeada Florbela d'Alma da Conceição Espanca nasceu em 8 de dezembro de 1894,filha de João Maria Espanca, sapateiro,antiquário e um dos pioneiros da cinematografia portuguesa e de Antônia da Conceição Lobo, empregada doméstica,falecida aos  29 anos,em 1908.

Foi  criada pelo pai e pela madrasta, Mariana Espanca,assim como seu irmão de sangue, Apeles Espanca, nascido em 1897.  Como Mariana era estéril , segundo a norma local vigente naquele tempo, João Maria procurou Antonia Belo para engravidá-la. Mariana recebeu a criança e a tomou como filha.

Em outubro de 1899,Florbela inicia o ensino pré-primário e já em novembro de 1903,aos 9 anos, escreve sua primeira poesia conhecida: "A Vida e a Morte" e seu primeiro soneto, sem título.

 Termina a instrução primária  e em 1907,aos onze anos, apresenta os primeiros sintomas de sua doença, a neurastenia ( transtorno psicológico,  caracterizado por enfraquecimento do sistema nervoso,   esgotamento emocional, dor de cabeça e cansaço excessivo)

Escreve o primeiro conto, "Mamã!",já com as exclamações que seriam sua marca.
Morre a mãe bológica e a família se muda para Évora,onde ela completa o chamado Curso Geral do Liceu,em 1912.

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Sucessão de  amores

"Eu quero amar, amar perdidamente! / Amar só por amar: Aqui… além… / Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente… / Amar! Amar! E não amar ninguém!”"

Em 8 de dezembro de 1913,dia do aniversário de 19 anos, a jovem Florbela casou-se pela primeira vez com o colega de estudo Alberto Moutinho, um ano mais velho. O casamento durou seis anos. Em 1916, surge a primeira edição da produção poética : "Trocando olhares",coleção de 88 poemas.

Florbela e Alberto Moutinho


M
orando em Évora , 1917foi o ano da inscrição na Universidade para cursar a Faculdade de Direito e da mudança para Lisboa.

Um aborto sofrido em 1919  resultou em momentos de grande depressão. 

 Florbela divorcia-se  , pois o marido se interessou pela  empregada do casal. 


O fim do casamento a levou de volta a  Lisboa, onde ,em junho daquele ano, publicou  "O livro de mágoas".

 

Em 1921,  casamento com António Guimarães, oficial de artilharia.  Florbela o conheceu quando se mudou para Lisboa para estudar Direito.

 Em 1923 um novo aborto e acusações de maus tratos causam a separação do casal. 

Foi também neste ano  a publicação  do "Livro de Soror Saudade" , mostrando a profunda tristeza da poetisa. 


Leia uma das cartas de amor de Florbela a Antonio Guimarães:

Henrique Laje

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Muitíssimo à frente de seu tempo, Florbela se sentia entediada quando presa a um compromisso formal,motivo de escândalo perante a sociedade portuguesa.

Enquanto o segundo divórcio(litigioso) ainda não estava homologado, foi para o pequeno de município Gonça, nos arredores de Guimarães, onde deprimida e enfraquecida pelo segundo aborto,foi cuidada pelo médico Henrique Laje,conhecido de longa data.

1925-Logo estava (mais uma vez) apaixonada e aconteceu o terceiro casamento, este realizado no civil e na Igreja.
 
Dois anos depois,  no momento em que Florbela traduz romances franceses para a Livraria Civilização no Porto (que publica oito trabalhos seus), e prepara «O Dominó Preto», o irmão Apeles morre num desastre de aviação no local da Torre de Belém
última foto conhecida-1930
 O corpo jamais é encontrado.  A tragédia e inspira «As Máscaras do Destino». Biógrafos citam a relação quase incestuosa entre os irmãos.

O terceiro casamento está por se desfazer e  ela se apaixona -novamente- agora pelo pianista Luís Maria Cabral, a quem dedica «Chopin» e «Tarde de Música».
 Acontece uma tentativa de suicídio.
 
Transtornada pela saudade do irmão, aconteceram outras duas tentativas, a última, fatal, em 8 de dezembro de 1930, dia do 36º aniversário.
Logo em seguida, saiu "Charneca em Flor", sua obra prima,
publicado pela Livraria Gonçalves de Coimbra.
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Características da poesia de Florbela- Texto do site ebiografias.com

"A poesia de Florbela Espanca é caracterizada por um forte teor confessional. Sua poesia é densa, amarga e triste. Seus temas prediletos foram amor, saudade, sofrimento, solidão e morte, sempre em busca da felicidade.

Florbela escreveu contos, poemas e cartas, mas foi no soneto que encontrou o melhor caminho para sua expressão poética.

A poetisa não se sentia atraída por causas sociais, preferindo exprimir em seus poemas os acontecimentos que diziam respeito à sua condição sentimental.

Florbela Espanca não fez parte de nenhum movimento literário, embora seu estilo lembrasse muito os poetas românticos.

Com caráter sentimental, confessional, sempre marcado pela sua paixão e sua voz feminina, fato este que a tornou a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX."

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Clique nos links abaixo:


Documentário. Florbela Espanca
 
 


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