"Transhumanismo
é um movimento intelectual que visa transformar a condição humana
através do desenvolvimento de tecnologias amplamente disponíveis para
aumentar consideravelmente as capacidades intelectuais, físicas e
psicológicas humanas. "
Wikipédia
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Página do Facebook do movimento
Transhumanismo no Brasil
https://www.facebook.com/pg/transhumanismobr/about/
Leia mais :
http://danizudo.blogspot.com.br/2010/12/agenda-transhumanista-o-porque-de.html
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Mas afinal o que é o transhumanismo? E quem são os transhumanistas?

O mundo não tem sido feito por amor dos seres humano e não se tornou mais humanoHerbert Marcuse(1)
O H+ é, em poucas palavras, um movimento que procura ultrapassar deliberadamente, com meios científicos e tecnológicos, os limites da condição biológica do ser humano e, em última análise, almeja alcançar a imortalidade terrena.
A adjetivação “terrena” serve para expressar o aspecto mundano e laico desta nova figura da mais antiga inquietação humana.
Da Epopeia de Gilgamesh e do terceiro milénio antes de Cristo, à pratica da mumificação dos egípcios, do pensamento taoista à alquimia esotérica, o H+ considera-se o legítimo herdeiro dos esforços históricos da humanidade para ganhar o seu jogo de xadrez com a morte.
Nesse sentido, os teóricos do H+ interpretam a tecno-revolução em curso e por vir como o resultado cumulativo de um processo histórico contínuo.
O ser humano seria desde sempre um animal insatisfeito consigo próprio, em luta com a frágil condição que lhe foi dada e, portanto, sempre à procura do potenciamento das suas capacidades psicossomáticas. Se a recusa da animalidade inscrita na condição humana teve nas religiões o seu desafogo, o H+ seria então a resposta laica às aspirações escatológicas das religiões tradicionais.
Na perspectiva do Nick Bostrom, docente em Oxford e um dos líderes deste movimento, o H+ é a expressão contemporânea do humanismo renascentista – exemplificado por Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494), para o qual o indivíduo deve ser um livre criador de si próprio, atingindo “formas mais altas, divinas” – do projeto prometeico da ciência empírica – entendida no Novum Organum do Francis Bacon (1561-1626), como o método para “tornar tudo possível” através da submissão da natureza aos fins humanos – ou ainda do racionalismo da idade das luzes.(
A estratégia discursiva com a qual Bostrom persegue a hegemonia cultural do H+ enxerta-o na tradição racionalista e no utilitarismo anglo-americano, visando acentuar a natureza democrática e liberal da reivindicação do direito incondicional à auto-determinação psicossomática, tentando desajeitadamente demarcar-se dos fantasmas da eugénica do século XX.
Por outro lado, o norueguês Stefan Lorenz Sorgner assimila o “potenciamento tecnológico”, tanto genético como de outros tipos, ao impulso de auto-melhoramento e ao “sentimento da potência que cresce”, caros para Nietzsche.
Outro defensor desta filiação é Max More, que conta como o seu ensaio Tranhumanism: Towards a Futurist Philosophy (2009), tendo sido inspirado pelos seus estudos do pensamento do Nietzsche.(4) No entender de More, fundador de orientação anarco-capitalista do Extropy Institute, o H+ é um conjunto de filosofias heterogéneas que nos guiarão até à condição pós-humana.
Mas se quisermos fazer uma aproximação ao H+, será porventura necessário fazer algum desvio das narrativas na primeira pessoa dos protagonistas contemporâneos, dando preferência a um itinerário histórico, social e cultural ziguezagueante.
O primeiro desvio conduz-nos aos tempos da Primeira Revolução Industrial e a uma das primeiras fases da construção de um ideal de tecnociência como fator de progresso e de emancipação: o pensamento do Saint-Simon (1760-1825) e a sua influência na Escola Politécnica de Paris.
Eis algumas das pérolas do profético pensador da “sociedade industrial”: “Uma nação não é senão uma grande empresa industrial»; «A sociedade moderna só tem um objectivo: a produção, a indústria»; «O trabalho, eis o novo culto, a religião moderna» e o engenheiro é «o sacerdote da indústria».
Tendo em conta que hoje em dia não é raro encontrar, confundidas na mesma pessoa, a figura do cientista, do engenheiro, do empreendedor e do consulente de instituições governamentais,( também a previsão do Auguste Comte, no seu Cours de philosophie positive (1830-1842), parece ter sido cumprida. Pois ele intuiu que os engenheiros iriam ter um papel histórico preeminente: o de serem os mediadores entre os savants e os entrepreneurs, entre ciência e economia industrial.
O saint-simonismo está nas origens da retórica do mundo como uma rede e como um espaço de fluxos, uma economia-mundo articulada em circuitos sempre mais densos, amplos e homogéneos, circuitos capazes de aumentar a circulação de bens materiais e imateriais: produtos, informações, pessoas e capitais.
Daí o seu entusiasmo tecno-optimista quanto à construção de estradas, pontes e canais que levariam à “associação universal”, à comunhão entre os povos e à paz perpétua
Parece que ouvimos os motivos saint-simonianos ressoar nas intenções e nos discursos dos criadores da Internet, vista como uma ferramenta para a descentralização e a desierarquização das relações sociais.
Apesar das questões e das dúvidas que se podem levantar acerca do potencial emancipador das tecnologias digitais, e apesar das denúncias dos seus impactos psicológicos, políticos, econômicos, sociais e ecológicos, continuam a florescer varias versões de “utopismo digital” inspirado pelo conceito de reticularidade. É um fato que a Califórnia é parte do mundo à qual mais se deve a revolução social que estamos vivendo, a saber, a invasão tentacular das tecnologias informáticas em todas as esferas da existência humana.
A transformação em curso dos modos de viver e de pensar têm as suas raízes na California Ideology,isto é, na hibridação dos fatores culturais mais variados, desde a contracultura comunitarista dos anos ’60 ao neoliberalismo – que resultou no oxímoro do “anarco-capitalismo”.(
A Silicon Valley pode ser chamada a terra santa, o epicentro mundial do H+, pois é a partir daí que operam muitos dos profetas-empreendedores-cientistas do H+ e as suas instituições: World Transhumanist Association, Singularity University, Google, Facebook, PayPal…

A revolta dos artistas das “artes menores” face à grande inovação da altura, o tear mecânico, foi silenciada. Marx afirmara em O Capital (Liv. I, Sec. IV, Cap. 13) que “A história universal não oferece espetáculo mais horrendo do que a extinção dos artesãos tecelões de algodão ingleses […], muitos morreram de fome”, enquanto que nas colónias “os ossos dos tecelões de algodão embranquecem as planície indianas”.
A sua análise levou-o a concluir que, sob o capitalismo, “o efeito ‘temporário’ das máquinas é permanente, uma vez que se vai apropriando de cada vez mais campos de produção”.
Entre máquinas e operários há, portanto, “um antagonismo completo”. Visto que “o meio de trabalho esmaga o operário”, “dá-se pela primeira vez a revolta brutal do operário contra o meio de trabalho”.
Apesar disso, Marx será sempre um tecno-progressista (TechnoProg), pois, segundo ele, a “socialização” dos meios de produção teria remediado todos os estragos devido ao estranhamento do produto do trabalho face ao seu realizador.
Friedrich Engels, de resto, cristalizou a atitude centralista e autoritária do materialismo dialético ao escrever em On Authority que a máquina a vapor, a rede rodoviária, e, em geral, a agricultura e a indústria em larga escala, são intrinsecamente autoritárias e é preciso aceitá-las, pois combater esse autoritarismo coincidiria com a pretensão de abolir a indústria enquanto tal, coisa que, como é óbvio, para ele não fazia sentido.
A “questão da maquinaria” foi, de qualquer forma, um tema muito debatido pelos economistas da altura, e as suas implicações humanas estavam ao alcance de cada um.(12) É, alias, bem provável que Marx e Engels conhecessem The Philosophy of Manufactures (1835), de Andrew Ure, uma declaração de intenção (de guerra) que frisava como, além das vantagens quantitativas e técnicas, um dos benefícios “morais” da introdução da maquinaria residia na desqualificação do trabalhador, o que, por sua vez, era suposto induzir desânimo no trabalhador, levando ao abrandamento das greves.
Todos sabemos o quão sangrentas foram as lutas das décadas sucessivas. Anos também notáveis pelas exposições universais (a primeira, em Londres em 1851, chamava-se Great Exhibition of the Works of Industry of All Nations) e pela aceleração dos ritmos de exploração e manipulação do existente, finalmente reduzido a recurso.
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