Ciro Barcelos e ClaudioTovar,componentes do grupo original, celebram os 40 anos com uma festa dia 19/9/2012 no Teatro Odisseia na Lapa-Centro do Rio. E mais :uma exposição de fotos e figurinos de época e um show com os novos atores-cantores-bailarinos que vão reviver os Croquettes
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Contracultura como resistência na ditadura.
No final dos anos 60 ,quando toda uma geração se rebelava contra a sociedade conservadora, a formação de um grupo teatral brasileiro usando a irreverência como arma para furar o bloqueio da ditadura militar, foi um dos poucos atos de rebeldia com sucesso durante os "anos de chumbo"
A ciência havia criado a pílula anticoncepcional, a moda de Mary Quant desafiava os limites do corpo e a juventude protestava contra a Guerra do Vietnã e invasão da Checoslováquia pela União Soviética.
Na Paris de 68, os estudantes da Sorbonne saíam às ruas criticando a estrutura das universidades, confrontando com a polícia e lançando novas palavras de ordem, entre as quais a famosa “é proibido proibir”, que se tornou um mantra naquele tempos de mudanças.
A Bienal de Veneza, instalada em meio a forte aparato militar, foi o espelho da nova proposta de sociedade : formas arrojadas e novos conceitos artísticos criticavam a ordem vigente.
Liberdade vigiada
Em 1974, o aniversário de dez anos da ditadura millitar que governava o Brasil, foi comemorado com a “eleição” do general Geisel.
O governo tinha como objetivo restaurar a democracia, mas sem pressa. Este processo foi definido pelo próprio General Presidente como de ”distensão lenta, gradual e segura”.
As atitudes pretensamente liberais traziam, em seu âmago, ações autoritárias e prepotentes.
Em todo o período Geisel, houve repressão ao Partido Comunista Brasileiro, às organizações clandestinas e muitas vezes foi utilizado o recurso abominável do AI-5 ( Ato Institucional número 5 ) que estabeleceu a censura prévia à imprensa, o fechamento do Congresso e a limitação da liberdade política no país.
Os ventos de liberdade sopravam para nossos irmãos portugueses. Em 25 de abril, o levante militar conhecido como “Revolução dos Cravos” havia derrubado o regime político de extrema-direita que vigorava desde 1926.
Androginia nos palcos cariocas
Inspirado no grupo
norte-americano “The Coquettes” - que tinha estrelas do brilho de
Divine e Sylvester - e no movimento gay off-Broadway, surgiu no Rio de
Janeiro, em meio ao contexto político complicado, o Dzi Croquettes.
Ney Matogrosso já tinha começado a carreira brilhante em 1973, que continua firme até hoje e cada vez mais. Dirigidos pelo coreógrafo norte-americano Lennie Dale os artistas usavam a arte de representar e dançar para fazer seu protesto irreverente.
Não se consideravam travestis, mas andróginos. Ousados, usavam saias, botas de cano longo, barbas, bigodes e exibiam pernas cabeludas.
A maquiagem carregada fazia o contraste dos corpos masculinos em trajes femininos.
Seu primeiro show - Gente Computada Igual a Você (1972) - fez o grupo ser execrado pelo Serviço Nacional de Teatro, braço da ditadura, que se recusava a liberar verba para patrocinar a ousadia.
Elaborada como show musical, Gente Computada era uma comédia de costumes debochada e teve uma carreira brilhante em São Paulo. Com dublagem, dança, canto e depoimentos pessoais dos integrantes, criticava com sutileza a realidade brasileira, a repressão sexual, a censura imposta pelo AI-5 e a ditadura militar. "Tinindo Trincando", dos Novos Baianos eAssim Falou Zaratustra em versão dance e technopop faziam o delírio das platéias.
Levados à Europa pelo empresário Patrice Calmettes, os Dzi Croquettes foram a sensação das noites de Paris.
Além de longas temporadas no clube noturno “Le Palace”, trabalharam em Ibiza e em Londres e participaram do filme “Le Chat et la Souris”, de Claude Lelouch.
Em 1976, Wagner Mello e Cláudio Tovar criaram um novo espetáculo : ”Romance”.
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SERVIÇO
Quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Teatro Odisséia
Avenida Mem de Sá, 66 Lapa -Centro do Rio
Avenida Mem de Sá, 66 Lapa -Centro do Rio
(21) 2224-6367
Ingressos-R$ 60, meia R$ 30
Convites nas Lojas Victor Dzenk em Ipanema (2259-2224)
e Potthoff Pratas em Botafogo (3239-5166)
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