No final de 2010 foi comemorado o centenário de nascimento do escritor, poeta,militante político e dramaturgo Jean Genet.
O Ministério da Cultura da França increveu essa efeméride entre suas celebrações nacionais, homenagem acompanhada de seminários e foruns de debate.
A Editora Gallimard presenteou o centenário com preciosas edições e reedições.
Outra das mais relevantes homenagens foi a da France Culture, emissora do serviço publico audiovisual (do grupo Radio France) que preparou uma série de programas em cadeia nacional (entre 15 e 25 de novembro) sobre o contestador incontestável.
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Jean Genet nasceu em Paris no dia 19 de dezembro de 1910,filho de Camille Grabrielle Genet,uma prostituta que deu o filho para adoção, e de pai desconhecido
Acolhido aos sete meses de idade (julho de 1911), por Charles Regnier e sua mulher, casal que residia em Morvan,na Borgonha, foi batizado, freqüentou a igreja católica onde cantou no coro e era o favorito entre os demais adotados pelo casal.
A mãe adotiva tinha até esperança que ele se tornasse padre.
Os que o conheceram na juventude falaram de um jovem introvertido,bom estudante e interessado em Latim, com raro talento para recitar poesia.
Desde cedo era,também um leitor voraz- hábito que cultivou pelo resto da vida- fascinado por arte, literatura,psicologia e ciência política.
Em1922,morreu a mãe adotiva e Genet passou a viver com Berthe Renault, filha dela. Aos 14 anos, foi recolhido pela “Assistance Publique” (um Serviço Social)e enviado para a Escola de Alembert,para estudar tipografia,mas fugiu dali.
Recolhido pela policia em Nice, foi enviado para outra escola,de onde também fugiu .Foi preso em junho de 1926 por estar viajando de Meaux para Paris sem ter comprado passagem e enviado ao reformatório de Mettray, na região de Tours.
Há males que vêm para bem
Esta instituição,construída para salvar menores de idade das brutais condições da Revolução Industrial,passou a servir como escola de treinamento naval até ser fechada pelo Ministério da Justiça francês em 1939.
Ali, Genet presenciou brutalidades,roubos, violência sexual e até homicídios, sempre produzindo literatura. Ali tomou contato com a poesia de Pierre Ronsard e com as histórias de aventuras de Paul Féval, Michel Zévaco e Ponson de Terrail .
Seus primeiros trabalhos, “Nossa Senhora das Flores” e “O Milagre da Rosa” chamaram a atenção de Jean Cocteau. Compôs “O Balcão”, “Os Negros” e “Os Biombos”, enquanto construía fama marcada por escândalos, roubos e brigas.
Freqüentou,ao mesmo tempo, a nata da intelectualidade européia pelas mãos de Jean Paul Sartre e o baixo mundo parisiense acompanhado por uma série de amantes.
Foi amigo dos filósofos Jacques Derrida e Michel Foucault, dos escritores Juan Goytisolo e Alberto Moravia, dos compositores Igor Stravinski e Pierre Boulez, do diretor de teatro Roger Blin, dos pintores Leonor Fini e Christian Bérad e dos líderes políticos Georges Pompidou e François Mitterrand.
Genet atravessou a década de 1960 colhendo frutos de sucesso de seus romances, peças e roteiros.
Mergulhado em profunda depressão com suicídio de um de seus amantes e do amigo e tradutor Bernard Frechtman, tentou também matar-se em num quarto de hotel na Itália, em 1967.
Militante
A partir dos anos 70 ,engajou-se na defesa de trabalhadores imigrantes na França, assumiu a causa dos palestinos e envolveu-se nos movimentos norte-americanos Panteras Negras (Partido criado com objetivo de patrulhar guetos negros para proteger os residentes dos atos de brutalidade da polícia, que se tornou grupo revolucionário marxista que defendia o armamento de todos os negros) e Beatniks (movimento sócio -cultural que pregava estili de vida antimaterialista, na sequência de segunda guerra)
Esteve em São Paulo para assistir a montagem de sua peça “O Balcão”, encenada pelo diretor argentino Victor Garcia, produzida por Ruth Escobar na sala Gil Vicente, em 1969.
Publicou suas memórias no livro "Diário de um Ladrão", onde recorda aventuras e andanças pela Europa e amores
Morreu em 15 de abril de 1986,ainda de luto pelo suicídio do último companheiro Abdallah,enquanto corrigia as provas do livro “Captif amoureux”, que deveria devolver à sua editora, a Gallimard. Foi enterrado no cemitério espanhol de Larache,no Marrocos
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