(22 janeiro,2010)
A situação pessoal mais dolorosa na vida de Frederico II da Prússia – fora os castigos corporais e humilhações verbais impostos por seu pai, o "Rei Sargento" Frederico Guilherme I, diante da tropa - deve ter sido o episódio envolvendo o Tenente Hans Herman von Katte.
O Tenente era membro do exército recrutado homem a homem, pelo próprio soberano. Musicista nato, poeta, filósofo, bem apessoado e oito anos mais velho que Frederico, Hans logo se tornou mais que um amigo (abaixo)
Chegada a idade de casar para dar continuação à dinastia, Frederico se recusou e elaborou um plano com o objetivo de partir para a Inglaterra. Os tenentes Herman von Katte e seu outro amigo Kein, que eram bem relacionados por lá, desacataram as ordens do Rei e ajudaram na fuga, com a cumplicidade da irmã preferida, Princesa Guilhermina. Julgados por um conselho de guerra, os jovens militares foram presos e condenados.
O herdeiro e Kein pegaram pena pesada e Katte foi condenado à morte, com detalhe de crueldade decidido pelo Rei, sabedor do relacionamento de seu filho.
A execução foi na Praça Krustin, em frente a uma janela do quarto onde o fugitivo e malsucedido príncipe morava. Frederico mandou um beijo ao condenado e pediu perdão. Recebeu como resposta uma reverência e as seguintes palavras “Senhor, nada tenho a lhe perdoar”.
Encaminhou-se para o cadafalso e foi decapitado. A linda cabeleira loura foi preservada e, durante muitos anos, ornou a tumba do tenente Hatte.
Origem e breve casamento
Frederico nasceu em Berlim no dia 24 de Janeiro de 1712, filho de Frederico Guilherme I da Prússia e de Sophia Dorothea de Hannover. Pertencia à dinastia Hohernzollem.
Após o episódio da morte de Hatte, acatou a ordem do pai para casar-se com Isabel Cristina, filha de Fernando Alberto de Breunswick (1733), voltando a ser príncipe herdeiro.
Passou com a esposa o tempo necessário para consumar a união - alguns relatos falam em poucas horas e que, talvez, nada tenha acontecido entre os nubentes - e retirou-se para o castelo de Rheinsberg.
Ali estudava filosofia e história, fazia seus poemas e mantinha uma correspondência constante com os filósofos franceses, especialmente com Voltaire.
A princesa, que era apenas uma figura decorativa - muito bonita, por sinal - aparecia nas solenidades públicas, duas ou três vezes por ano. Em 1740, morreu o pai carrasco e tudo mudou.
Sans Souci, reduto das artes
Frederico, agora Rei, amante da música, arte e literatura francesa, era um grande militar. Sua maior habilidade era impedir que exércitos inimigos se aliassem contra ele.
Decidido a reunir a elite da intelectualidade européia, Frederico II chamou o queridinho da corte da Inglaterra, Francesco Algarotti, expert em arte e música, amigo dos mais importantes autores de seu tempo.
O gosto pelas artes atraiu Voltaire e outros sábios e cientistas franceses, que passaram a frequentar a nova residência real de Sans Souci, mandada construir em Potsdam, em estilo rococó francês. Foi criado um centro emissor de arte e erudição, frequentado pelas mentes mais brilhantes da Europa. Voltaire ali residiu entre 1750 e 1753.
.Sans Souci hospedou Johann Sebastian Bach, que escreveu para o monarca sua "Oferenda musical".
A presença feminina era vetada
Decidido a reunir a elite da intelectualidade européia, Frederico II chamou o queridinho da corte da Inglaterra, Francesco Algarotti, expert em arte e música, amigo dos mais importantes autores de seu tempo.
Algarotti aproveitou a fase boa para tirar uma casquinha: desejava o posto de Embaixador na Itália. O rei mandou chama-lo e escreveu num bilhete: "Querido Algorotti, continuo a te aguardar com grande impaciência, mas prefiro te ter como amigo a receber teus relatórios como meu embaixador"
Frederico, o Grande, como passou a ser chamado depois de seus feitos, mergulhou de cabeça numa política favorável a seu país e, em seguida, exigiu a devolução do ducado da Silésia, em troca da aprovação prussiana da Sanção Pragmática
Na Sanção de 1713, o imperador Carlos VI da Áustria desejava manter unificados os domínios dos Habsburgos, declarava que a sua filha Maria Teresa I da Áustria o sucederia no trono.
Maria Teresa, que herdou a coroa no mesmo ano (1740) não aceitou a proposta e a Prússia invadiu a Silésia, iniciando a Guerra de Sucessão Austríaca, que mudou o mapa do mundo.
Frederico liderou o exército prussiano na Guerra dos Sete Anos e é considerado um dos maiores estrategistas militares de todos os tempos.
Legado
Político, compositor e escritor, fez de Berlim uma das principais cidades de seu tempo.
Aboliu a tortura ao aceitar as críticas de Montesquieu aos métodos de interrogar prisioneiros. Fundou escolas públicas, decretou a tolerância religiosa, construiu canais e abrigou refugiados franceses que fizeram chegar à Prússia novas técnicas na agricultura, comércio e nos produtos manufaturados e a tornaram uma das principais potências da Europa.
Tirou a nação da letargia, assentou as bases econômicas e enfrentou a Rússia e a França na Guerra dos Sete Anos, liderando pessoalmente as tropas nas frentes de batalha. Colocou a Prússia entre as principais potências da Europa.
Faleceu em 17 de agosto de 1786, em seu querido castelo Sans Souci e foi sucedido pelo sobrinho, que veio a ser Frederico III da Prússia, filho de seu irmão Príncipe Augusto Guilherme.
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