segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quem te viu, quem te vê.

A atriz francesa Brigitte Bardot, que comemora hoje 75 anos, é-desde o dia 2 deste mês- o tema de uma exposição fotográfica na Galeria James Hyman em Londres, que também explora a origem dos "paparazzi". Brigitte foi seguida por fotógrafos, fora dos estúdios desde que esta prática começou.Eles receberam o apelido a partir de Paparazzo, personagem do filme "A doce vida", de Fellini A exposição que reúne 75 fotografias, algumas delas nunca expostas antes, fica em cartaz até o dia 3 de outubro
Leia a matéria publicada no UOL e veja as fotos http://entretenimento.uol.com.br/album/bbc/brigitte-bardot_album.jhtm
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Ao invés de baixar o sarrafo na Brigitte Bardot homofóbica e politicamente incorretíssima - que clama contra a islamização da França e chama os homossexuais de "fenômenos de feira" - resolvi usar compaixão pela criatura e compartilhar com os leitores um raciocínio mais sereno. Bardot, que conseguiu atrair a ira de várias entidades, entre elas o Movimento contra o Racismo (MRAP) e a Liga dos Direitos Humanos (LHD), considera inútil o pacto civil entre pessoas do mesmo sexo e esbraveja contra a adoção de crianças por casais gays.
Ela teria todos os recursos financeiros e tecnológicos para dar uma grande guaribada e ficar atemporal, como as colegas em geral e, em particular, sua sucessora "a nível de" paradigma da mulher francesa nos anos 70/80, Catherine Deneuve. Esta última ficou um tanto estranha por conta da overdose de botox e preenchimento mas conserva a majestosa beleza de outrora.
Brigitte não está nem aí, engordou, despencou e se apóia em bengalas numa boa.
E fazendo biquinho como antigamente. Os cabelos desbotados imploram por uma tesoura seguida de hidratação mas, seguem enfeitados com flores, marca registrada.
De qualquer forma, uma pessoa que foi convidada pelo General De Gaulle a posar como modelo para "Marianne" e tornou-se símbolo da República Francesa, precisa ter MUITA coragem para se mostrar como está, sem pudores.
Também dei uma repassada na autobiografia "Initiales BB" (Éditions Grasset & Fasquelle, 1996) para não correr o risco de ser injusta e mal informada.
Ali, ela chama o filho Nicholas (que teve com Jacques Charrier) de "um câncer que foi extirpado", mas foi "coerente": largou o infante de lado e dedicou-se aos animais irracionais.
                                 Donzela tinha pai fera
Apesar de rumores de que se chamaria Camille Javal, Brigitte Anne-Marie Bardot (Paris, 28 de Setembro de 1934) atriz e cantora, ficou conhecida mundialmente por suas iniciais, BB.
Nascida numa família de classe alta, é filha do industrial Louis Bardot e de Anne Marie, agenciadora de modelos para desfiles da alta moda francesa, o que facilitou bastante sua carreira.
Desde muito mocinha, desfilava para as grandes maisons. Em 1947, foi aceita no conservatório de dança e música de Paris (Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris) onde estudou por três anos.
Tem uma irmã, 5 anos mais nova - Marie Jeanne - também atriz, que atende pelo nome artístico de Mijanou Bardot (foi mal? mas é isso aí mesmo).
Aos 15 anos, Brigitte foi capa da Ellle, já aluna do curso de arte dramática de René Simon, celeiro de artistas.
O primeiro trabalho foi "Le Trou Normand" (1952). O segundo filme foi "Manina, A moça sem véu" (1952) (título original: "Manina, la fille sans voile").
Mas, foi no Festival de Cannes de 1953 que se tornou o grande centro de atenção da mídia, agitando a Croisette.
A fama veio para ficar (1955) como Lucie, em Les Grandes Manoeuvres, de René Clair, ao lado dos monstros sagrados Gérard Philippe e Michèle Morgan.
Durante anos, namorou o diretor Roger Vadim, sempre sob o controle do pai, que recebeu o pretendente, no momento do pedido de casamento, com revólver na cintura.
Finalmente, realizou-se a boda e ela abalou a cena mundial.
Vadim acreditou que sua jovem mulher poderia brilhar nos filmes da chamada nouvelle vague, inspirada no neo realismo italiano. Assim, foi dirigida pelo marido, em "E Deus Criou a Mulher", fazendo par com a então jovem sensação masculina do cinema francês, Jean-Louis Trintignant.
                         Fetiche e tema de ensaios filosóficos 
Encarnando o fetiche da "mulher/criança", tornou-se a artista francesa mais popular de todos os tempos e era considerada mais importante para a balança comercial francesa que as exportações da indústria automobilística.
Em 1960, dirigida por Henri-Georges Clouzot em "La Verité", alcançou o topo da popularidade.
Foi tema de vários ensaios e artigos de filósofos como Jean Cocteau, Simone de Beauvoir e Marguerite Duras, que a tinham como um fenômeno sociológico.
Até Picasso desejou retratá-la. Era chamada "devoradora de homens" e a imprensa francesa lhe atribuiu 45 casos, entre eles Gilbert Bécaud, Sacha Diestel, Jacques Charrier (pai de Nicholas) e Sami Frey.
Casou mais duas vezes. O terceiro marido, entre 1966 e 1969, foi o playboy e multimilionário alemão Gunter Sachs e o último em 1992, aos 58 anos, com Bernard d'Ormale, conselheiro do político francês Jean-Marie Le Pen, de extremíssima direita.
O casamento dura até hoje.
                                
                           Militante
Em 1973, depois de rodar 60 filmes e perto de completar 40 anos, no auge do sucesso, abandonou a carreira e entrou em regime de semi-reclusão.
Mudou-se para uma mansão (La Madrague) em Saint Tropez, na Côte d’Azur.
Em 1986, criou a Fundação Brigitte Bardot, declarada de utilidade pública pelo governo francês, tornou-se vegetariana, filiou-se ao Partido Verde e passou a ter intensa participação em assuntos relevantes para o bem estar do planeta. Entre 1989 e 1992, co-patrocinou uma série de tv chamada S.O.S Animaux.
Em 1995, o Dalai Lama tornou-se membro honorário da Fundação. Liderou campanhas contra experimentos com animais em laboratório, contra uso de casacos de pele e contra a caça de baleias.
Em 1970, Gourdon usou Brigitte como modelo para esculpir o busto de Marianne, o emblema nacional da França.
O nome de Brigitte consta de músicas de Bob Dylan, Elton John, Billy Joel, Red Hot Chili Peppers, The Who, Zeca Baleiro, Caetano Veloso, além da marchinha de carnaval regravada na França "Brigitte beijou".
No verão de 1964, esteve no Rio de Janeiro com o então namorado Bob Zaguri, playboy que aqui residia. O casal se retirou para uma pequena aldeia de pescadores que, depois da visita famosa, virou o badalado balneário freqüentado até hoje pelos famosos brasileiros e internacionais: Búzios.
O prefeito da cidade nomeou como "Orla Bardot" uma avenida na Praia dos Ossos e mandou fazer uma escultura da atriz em tamanho natural. O único cinema da região é o Cine Bardot.
                                                De repente
Simpatizante da política de Charles de Gaulle nos anos 60, principalmente ao se mostrar favorável à independência da Argélia, encarou alguns fanáticos.
A guerra da Argélia (1954 — 1962) foi um movimento de luta pela independência da França, com direito a guerrilha e atos de violência contra civis - realizados pelo exército e colonos franceses (os "pied-noirs") e pela Frente de Libertação Nacional (Front de Libération Nationale ).
Entretanto, nos anos 90, declarações contra imigração árabe e insultos contra a homossexualidade lhe causaram diversos processos que estão se acumulando na Justiça.
O último deles ocorreu em junho passado, quando foi condenada a dois meses de prisão domiciliar e pagamento de multa de15 mil euros.
Foi-se a popularidade conquistada no cinema e a simpatia mundial pelo ativismo pró-animais. É uma sombra detestada pela nova geração de franceses, uma catástrofe ambulante que parece ter esquecido a Brigitte Bardot leve, despojada e irreverente dos tempos de antigamente.
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