segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Centenário de nascimento de Zé Keti- A voz do morro


 



 

 

Com todos os cuidados que o momento da pandemia do Covid-19 exige, o Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília recebe projeto que reverencia um dos maiores sambistas brasileiros no ano em que completaria seu centenário de vida. Quatro shows inéditos com artistas de diversas gerações, além de bate-papos inspirados no universo de Zé Kéti 

De 10 de fevereiro a 03 de março, sempre às quartas-feiras

(divulgação)


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José Flores de Jesus, Zé Kéti (1921 -  1999). Compositor e cantor carioca, texto abaixo publicado no site do Itaú Cultural



"A presença da música é marcante no ambiente familiar de sua infância. O pai, o marinheiro Josué Vale de Jesus, toca cavaquinho e seu avô, João Dionísio de Santana, é flautista e pianista. Em sua casa são frequentes as rodas de choros, com presença de músicos como Cândido (Índio) das Neves e Pixinguinha. Em 1924, com a morte do pai, passa a morar com o avô. Além do interesse pela música, na infância, ganha um apelido, Zé Quieto, que é encurtado para Zé Quéti, e, grafado com um K, torna-se o nome artístico.Aos 13 anos, quando mora no subúrbio de Piedade, é levado por Geraldo Cunha, compositor da Estação Primeira de Mangueira, para assistir aos ensaios da escola de samba. É esse o seu primeiro contato com a música do morro. Em fins da década de 1930, ele compõe suas primeiras marchinhas de Carnaval, sem, contudo, conseguir meios para a gravação. Isso muda em 1939, quando frequenta o Café Nice, ao estabelecer uma série de contatos que são fundamentais para sua carreira.

Sua escolaridade limita-se ao curso primário. Ainda muito jovem, trabalha numa fábrica de calçados, até atingir a idade do alistamento militar. Com o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial, Zé Kéti se transfere, em 1940, para a Polícia Militar (PM), no intuito de não ser chamado para a guerra. Contudo, não deixa de frequentar a noite carioca e compor para diferentes escolas de samba. Quando sai da PM, emprega-se em uma gráfica, mas a vida boêmia ocasiona constantes atrasos no trabalho e, consequentemente, sua demissão.

No início dos anos 1950, compõe o samba que se torna um dos seus maiores sucessos, A Voz do Morro. 

A música é gravada pelo cantor Jorge Goulart, em 1955, com arranjo de Radamés Gnattali. No mesmo ano, a composição é tema do filme Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos, e posteriormente do programa Noite de Gala (TV Rio, Canal 13), em orquestração do maestro Luiz Arruda Paes, em 1957. Esse samba é seguidamente regravado por variados intérpretes, como César Guerra-Peixe, em 1960, Demônios da Garoa, em 1961, Elis Regina e Jair Rodrigues, em 1965, Luiz Melodia, em 1978, e pelo próprio autor, em 1971.

Surge no Rio de Janeiro o Zicartola, em 1963. 

O bar inaugurado por Cartola e sua esposa, Zica, é um ponto de encontro dos artistas cariocas nesse início dos anos 1960.

 Zé Kéti é um representante do samba tradicional do morro carioca e uma referência para os músicos que vêm da bossa nova, como Nara Leão e Carlos Lyra. 


Das conversas entre os frequentadores do bar, surge a ideia de realização de uma apresentação musical. O resultado é a peça Opinião, de autoria de Oduvaldo Vianna Filho, nomeada a partir do samba homônimo de Zé Kéti, que estreia no ano de 1964 em um pequeno teatro de Copacabana, com direção de Augusto Boal e participação de João do Vale, Ruy Guerra, Nara Leão, Carlos Lyra, Edu Lobo, Gianfrancesco Guarnieri e Maria Bethânia (substituindo Nara Leão).

Em 2007, o selo Biscoito Fino lança o DVD Zé Kéti, gravação do programa Ensaio, com a participação do artista em 1991, com direção de Fernando Faro e exibido na TV Cultura.

Análise
Zé Kéticompõe suas primeiras canções na década de 1930, como a marchinha Se o Feio Adoecesse, mas esbarra nas dificuldades para conseguir gravá-las. Em 1939, é levado por Luís Soberano ao Café Nice, na época o ponto de convergência da vida artística do Rio de Janeiro. Lá conhece Lúcio Batista, Francisco Alves e Geraldo Pereira, estabelecendo uma série de contatos que são fundamentais para sua carreira. Em 1946, Zé Kéti trabalha em parceria com Felisberto Martins, o então diretor artístico da Odeon, com quem compõe Tio Sam no Samba, que é gravado na própria Odeon pelo grupo Vocalistas Tropicais e rende algum dinheiro aos seus autores. Nesse mesmo ano, Ciro Monteiro grava o samba Vivo Bem, resultado de uma parceria com Ari Monteiro, que, embora não tenha sido um grande sucesso, tem certo êxito de vendagem.

Um frequentador assíduo da noite carioca, Zé Kéti chega a compor para diferentes escolas de samba, como a Mangueira, a União de Vaz Lobo e a Portela. Contudo, depois que chega à Portela, com o samba Jequitibá, vira um portelense apaixonado pela escola, para a qual compõe diversas músicas como Portela Feliz, que se torna uma espécie de hino.

Entretanto, em 1950, magoado com as fofocas em torno da autoria de alguns dos seus sambas, Zé Kéti se afasta da Portela para retornar somente na década de 1960. Passa a compor para a União de Vaz Lobo, na qual fica menos de dois anos. Tempo curto, mas suficiente para compor Amor Passageiro, um grande sucesso do Carnaval de 1952 que é gravado por Linda Batista. 

Dessa época também é o samba A Voz do Morro, símbolo de sua obra até hoje.

Zé Kéti é ligado ao cinema novo, à bossa nova e ao Centro Popular de Cultura da União Nacional de Estudantes (CPC/UNE). 

Com Carlos Lyra compõe o Samba da Legalidade, pela posse do presidente da República, João Goulart, só gravado por Nara Leão em 1965, no disco O Canto Livre de Nara. Em meados dos anos 1950, Nelson Pereira dos Santos começa a rodar o filme Rio 40 Graus, e Zé Kéti, amigo pessoal do cineasta, é convidado a trabalhar como assistente de câmera, mas também contribui com canções que são incorporadas à trilha sonora do filme, como LevianaRio, Zona NorteMalvadeza Durão e Foi Ela, além de A Voz do Morro

E participa de outras produções cinematográficas tais como O Boca de Ouro (1962), também de Nelson Pereira; A Falecida (1965), de Leon Hirszman; e A Grande Cidade (1966), de Carlos Diegues.

Consagrado como compositor, em 1964, Zé Kéti estreia na peça musical de Oduvaldo Vianna Filho, Ferreira Gullar e Armando Costa, ao lado de Nara Leão, João do Vale e Maria Bethânia, que substitui Nara Leão quando ela adoece.


 Nesse espetáculo, ele lança Diz que Fui por Aí (com Hortêncio Rocha), Acender as Velas e o samba que dá nome à peça, Opinião. As duas composições são gravadas por Nara. Posteriormente, regravadas por diversos intérpretes, como Jair Rodrigues e Elis Regina.

Embalado pelo sucesso da peça e valendo-se dos contatos que estabelece no restaurante do Zicartola, reduto do samba na década de 1960, Zé Kéti organiza uma coletânea dos melhores intérpretes e sambas do morro pela Musidisc.

 Também apresenta diversos amigos do Zicartola para Luiz Bittencourt (então diretor artístico da gravadora). É sob sua influência que Nescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Oscar Bigode (da Portela), Zé Cruz e Nelson Sargento (da Mangueira), Élton Medeiros (da Aprendizes de Lucas) e Paulinho da Viola formam o grupo A Voz do Morro, que seria futuramente premiado tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo, pelo disco Roda de Samba, lançado em 1965. Esse mesmo conjunto, mais Nelson Sargento, grava ainda dois LPs.

No Carnaval de 1967, com Hildebrando Pereira Matos, compõe a marcha-rancho Máscara Negra. Além de ser um dos maiores êxitos de sua carreira, essa marcha é uma das mais populares do gênero, com gravações de Dalva de Oliveira, Jair Rodrigues, The Fevers, Eduardo Dusek, Elza Soares, Maria Rita.

Apesar do sucesso que obtém no decorrer de sua carreira, Zé Kéti nunca chega a conquistar com sua arte a estabilidade econômica. 


Suas composições que relatam o cotidiano nos morros cariocas, a malandragem e os amores, assumem com o passar do tempo um tom melancólico e fatalista, a exemplo do samba Não Sou Feliz e O Meu Pecado, ambas em parceria com Nelson Cavaquinho.

Zé Kéti deixa uma obra que é referência para muitos artistas, como Nara Leão, uma de suas principais intérpretes, é homenageado por Fernanda Takai, vocalista do grupo pop Pato Fu, em 2007, com a gravação de Diz que Fui por Aí."


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Show Opinião

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Maria Bethania na Peça Opinião, no Teatro de Arena

"O Show Opinião foi um espetáculo musical, dirigido por Augusto Boal, produzido pelo Teatro de Arena e por integrantes do Centro Popular de Cultura da UNE - instituição que, a esta altura, havia sido colocada na ilegalidade pelo regime militar recentemente instaurado no Brasil.

O elenco era formado por Nara Leão (depois substituída por Maria Bethania), João do Vale e Zé Kéti. Os atores-cantores intercalavam canções a narrações referentes à problemática social do país. O texto era assinado por Armando CostaOduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes.[1]

O show-manifesto estreou em 11 de dezembro de 1964, alguns meses depois do golpe militar, no teatro do Shopping Center Copacabana, sede do Teatro de Arena no Rio de Janeiro.

Opinião tornou-se uma referência na chamada "música de protesto" e é considerado um dos mais importantes da história da música popular brasileira. O registro do show deu origem ao álbum homônimo, lançado em 1965.


O espetáculo registrado durou 45 minutos e 47 segundos "

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Relíquias > gravação original de "Voz do Morro", com Jorge Goulart:

https://www.letras.mus.br/jorge-goulart/1748756/

 outra: Máscara Negra, com Dalva de Oliveira

https://www.youtube.com/watch?v=Hgsyr4nE68k

Zé Keti interpreta "Opinião"

https://www.youtube.com/watch?v=aUp0PhdUaUc



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