Laika,mártir e heroína da Ciência |
O próximo sábado, 20 de julho,marca o 50º aniversário da chegada do homem à Lua. O pouso, transmitido por televisões de todo o mundo, foi um dos eventos mais importantes do século XX.
Mas muito antes deste e de outros feitos humanos, alguns animais serviram como cobaias para estudos sobre consequência da exposição à radiação em altitudes elevadas e da microgravidade em organismos vivos.(Microgravidade é um termo utilizado em astronáutica para descrever uma situação onde o peso aparente dos corpos é muito menor que o peso real ,devido à gravidade)
O texto a seguir, em vermelho, é da revista Superinteressante:
Macaco Albert II
Data do vôo – 14/6/1949País – Estados Unidos
Objetivo da viagem – Estudar os efeitos do espaço no organismo animal
Albert II foi o primeiro macaco a ser enviado num vôo suborbital, em que a espaçonave sobe a uma altitude suficiente para atingir o espaço, mas não tem velocidade suficiente para ficar girando na órbita da Terra. O pobre bichonauta teve um destino trágico: morreu na aterrissagem
Cadela Laika
Data do vôo – 3/11/1957
País – União Soviética
Objetivo da viagem – Saber se um animal era capaz de permanecer na
Gato Felix
Data do vôo – 18/10/1963
País – França
Objetivo da viagem – Observar os efeitos da microgravidade sobre o cérebro do animal
Há quem diga que Felix, na verdade, era uma gatinha chamada Felicette. Seja como for, o bichano francês foi o primeiro felino a viajar para o espaço. Ele voou com vários eletrodos conectados à cabeça e teve um final feliz: foi recuperado com vida
Cães Veterok e Ugolyok
Data do vôo – 22/2/1966
País – União Soviética
Objetivo da viagem – Observar efeitos da microgravidade a longo prazo
Vigiados por equipamentos de vídeo e de telemetria, esses dois cães russos embarcaram na espaçonave Voskhod 3 e permaneceram na órbita terrestre por 22 dias. A dupla estabeleceu um recorde de tempo no espaço que até hoje não foi batido por nenhum outro cachorro
Aranha Arabella
Data do vôo – 28/7/1973
País – Estados Unidos
Objetivo da viagem – Observar se as aranhas eram capazes de fiar uma teia no espaço
A estação espacial americana Skylab 3 foi, durante 59 dias, o lar de Arabella, uma aranha da espécie Araneus diadematus. Durante sua permanência no espaço, ela não decepcionou e trabalhou incessantemente na construção de uma bela teia
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Em 3 de novembro de 1957, a cadelinha vira-lata Laika tornou-se o primeiro ser vivo a viajar para o espaço, a bordo do satélite soviético Sputnik 2
O martírio de Laika
O Sputnik 2 tinha a forma de um cone de 4 metros de altura, com uma base de 2 metros de diâmetro e pesava 508 kg.Foi lançado do Cosmódromo de Baikonur
O cientista russo Oleg Gazenko selecionou e treinou os cães que foram colocados em gaiolas cada vez menores,em períodos de cerca de vinte dias; em uma centrífuga para simular a aceleração no lançamento de foguetes e em contato com máquinas imitavam os ruídos e vibrações de uma nave espacial.
Durante o treinamento, também precisaram se acostumar a consumir um gel nutritivo,gelatina derivada de colágeno de tecido animal misturado com uma base de carne, pão em pó e gordura.
A escolha final pela cadelinha deveu-se a não precisar mover a pata para urinar e pela sua extrema docilidade.Na parte traseira do traje espacial, havia um tanque de borracha que coletava urina e excrementos.
Laika foi instalada na cápsula do Sputnik2 em 31 de outubro de 1957.
O lançamento aconteceu em 3 de novembro de 1957.
Eletrodos colados ao traje informavam freqüência cardíaca, frequência respiratória, atividade motora e pressão sangüínea.
Uma câmera e um transmissor de rádio possibilitaram, através de uma vigia de vidro, observar suas ações. Espectrômetros avaliados a emissão de raios-X e radiação ultravioleta emitida pelo sol.
Quando o foguete subiu e a velocidade chegou a quase 28.800 km/hora, o ritmo cardíaco de Laïka sofreu um aumento muito forte: antes da decolagem foi de 103 batimentos por minuto e, depois, foi para 240.
Laika começou a ficar ofegante e latiu muito, presa ao chão da cabine .
O satélite não se separou dos reatores como planejado, o que levou a sérios problemas de regulagem térmica e,por falta de planejamento, a cápsula não tinha proteção contra a radiação solar.
Tudo indica que Laika morreu muito antes de suas reservas de oxigênio se esgotarem, depois de entrar em coma.
Mas sofreu terrível calor e desidratou rapidamente.
A versão oficial para a morte era que havia ingerido veneno misturado com a comida para não sofrer durante o retorno à atmosfera.
Essa desculpa permaneceu politicamente correta até que o anúncio que o cão tinha oxigênio e comida para dez dias e que nenhum retorno estava previsto, causou total indignação na opinião opinião pública.
Ali se iniciou a conscientização e o respeito pelos animais em experimentos científicos.
Laika no Monumento aos conquistadores do Cosmos, em Star City, arredores de Moscou |
O Sputnik 2 se desintegrou cinco meses depois, após 2570 revoluções ao redor da Terra e entrou na atmosfera da Terra em 14 de abril de 1958 sobre as Índias Ocidentais.
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