domingo, 23 de setembro de 2018

45 anos sem Pablo Neruda

Neruda jovem





  
Quando o poeta ainda era Eliecer Ricardo Neftali Reyes Basoalto













 Neruda e Matilde 



Em 18 de Março de 2004, Dia Mundial da Poesia, a UNESCO homenageou o poeta e diplomata chileno Pablo Neruda, por ocasião da celebração do centenário de seu nascimento.

Prêmio Nobel de Literatura em 1971, Neruda é o mais lido e conhecido dos poetas hispano-americanos.


O conjunto de sua obra reflete - além do amor, do erotismo, da natureza e vivências pessoais - as lutas da esquerda pelo desenvolvimento da América do Sul.
Até os 16 anos, Neruda foi Ricardo Eliecer Ricardo Neftali Reyes Basoalto.

Nascido em Parral, em 12 de Julho de 1904, filho do ferroviário José del Carmen Angel Reyes Morales e Rosa Neftali Basoalto, professora primária.
 Rosa morreu vitimada pela tuberculose apenas um mês após dar à luz seu único filho.

 Esta ausência marcaria para sempre o poeta, que dedicou-lhe mais tarde os poemas “Luna” e “Humildes Versos para que Descanse Mi Madre”, publicados em seu livro póstumo “El Rio Invisible”.
 Eliecer Ricardo foi criado pelos avós até 1906, quando foi viver em Temuco com o pai, que havia se casado novamente.
Temuco, no início do século XX, era habitada por colonos e comunidades de indígenas sem terra, que seriam citados mais tarde no livro “Canto geral”, de 1950.
Trinidad Candia Marverde, a madrasta, lhe deu dois meios-irmãos : Laura e Rodolfo. Ela foi rebatizada pelo enteado como “Mamadre”. pois a palavra madrasta era muito forte para definir aquela que chamou “o anjo da guarda de minha infância”.

Num cartão de aniversário para Mamadre estão seus primeiros escritos conhecidos: "De un paisaje de aúreas regiones yo escogí para darle querida mamá esta humilde postal".
 Desde os 13 anos Neruda era colaborador do jornal “La Mañana”, mas a poesia chegou através de seu tio Orlando Mason, poeta e fundador do “Diario de Temuco”.
 Em 1919, o jovem foi matriculado no “Liceo de Hombres de Temuco” .

 Para José del Carmen, que desejava ver o filho também ferroviário, era vergonhoso ter seu sobrenome ligado à Poesia e à Literatura.
Mesmo assim, muitos artigos foram publicados em jornais e revistas das cidades de Temuco, Valdivia, Chillán y Santiago, entre 1917 e 1919.
Já colaborador do jornal literário Selva Austral - para ter liberdade de escrever o que bem entendesse – adota, em 1920, o pseudônimo que o celebrizou : Pablo, porque gostava do nome e Neruda em homenagem ao poetaJan Neruda, um dos mais importantes nomes do Realismo Tcheco.

Instaldo em Santiago para estudar Francês, vivia com grande dificuldade financeira, morando em repúblicas de estudantes e pensões modestas.
Em 1921, assina pela primeira vez como Pablo Neruda um artigo sobre um atentado contra a Federação de Estudantes Chilenos.
 Neste mesmo ano, ganhou seu primeiro concurso literário com o poema “Canción de Fiesta”.
O primeiro livro, “Crepusculário”, produção independente custeada pelo autor e alguns amigos foi publicado em 1923 com poemas publicados na revista “Claridad”.

A influência de Gabriela Mistral

 A chilena Gabriela Mistral - nascida Lucila Godoy e também Prêmio Nobel de Literatura em 1945 - foi professora de Neruda numa escola rural e o incentivou a continuar escrevendo poesia.

Através dela tomou conhecimento da literatura russa, que seria para sempre uma fonte de inspiração.  


 Albertina e Neruda
O primeiro amor

Albertina Azócar foi o primeiro amor de Neruda.
O casal se conheceu no Instituto de Pedagogia, onde ambos estudavam e ali começou uma relação apaixonada “cheia de altos e baixos”, segundo o poeta.
Discreta e inteligente, Albertina não aceitava, porém, viver uma relação sem casamento formal.

Mais tarde, quando já era Consul no Ceilão (1929) escreveu uma carta desesperada à amada hesitante : “me estoy cansando de la soledad, y si tú no vienes, trataré de casarme con alguna otra".
Ela não foi. Ele casou-se com a holandesa María Antonieta Hagenaar.

 Esta paixão não totalmente realizada transformou-se em 35 cartas, escritas entre 1921 e 1932, de várias partes do mundo. Os poemas dedicados à musa - ”20 poemas de amor y una canción desesperada" - se transformaram em um dos best sellers do século XX : mais de um milhão de exemplares vendidos


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Neruda e Matilde Urrutia

Amor definitivo



Atlântida,um pequeno balneário distante 40 km de Montevidéu foi o refúgio do amor clandestino dos chilenos Pablo Neruda e Matilde Urrutia, até que se casaram oficialmente, em 1962, depois da morte da pintora Délia del Carril, a segunda mulher do poeta.

Hoje, a casa em que se encontravam foi transformada em museu - o "Paseo Neruda". 

E o local dos encontros secretos se incorporou à poesia de Neruda sob a forma de um anagrama : Datlitla.

Matilde e Neruda se conheceram num concerto ao ar livre, na Cidade do México. Ambos eram comprometidos. Ele casado e ela envolvida com sua carreira de cantora lírica internacional.
Ao se reencontrarem em 1949, quando se iniciava a permanência do poeta no exílio, o amor floresceu. Uma espécie de casamento secreto ocorreu em Cannes, tendo como testemunha "somente a luz da lua".

Logo no início da relação, Neruda inventou um nome secreto para Matilde,fundamental presença: "Rosário de la Cerda" - a ela foram dedicados os "Versos do Capitão". 

Os anos que lhe restaram na companhia, agora oficial, da amada definitiva são pontuados por uma nova grande onda de criatividade: escreveu, fundou e dirigiu uma revista, construiu uma nova casa em Valparaíso e continuou suas viagens.

Esteve em turnês poéticas pela América do Sul, pelos países socialistas e chegou até a China, fixando-se em Paris. Também se tornou membro correspondente da Universidade de Yale, foi nomeado Embaixador do Chile em Paris e recebeu o Nobel de Literatura. em 1971.Candidato à presidência da República, renunciou em favor de seu amigo Salvador Allende. 

Neruda morreu em Santiago, no dia 23 de Setembro de 1973, duas semanas após o golpe militar que deu início ao negro período na história do Chile. Sempre fiel ao companheiro, a quem sobreviveu doze anos, Matilde dedicou o resto da vida a cuidar do patrimônio poético e espiritual do amor de sua vida.

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