Pode perguntar, pode responder
Derrubada lei que proibia gays assumidos no exército dos Estados Unidos
Eu sei que o astral do momento colaborou, que nos primeiros dias de um novo ano você faz suas resoluções e está – normalmente - com o coração aberto, mas a verdade é que foi um impacto positivo ver várias bandeiras do arco íris no meio do povo que acompanhava,em frente ao parlatório do Palácio do Planalto, o discurso de posse da Presidente Dilma.
Outro impacto havia acontecido no dia 25 de dezembro de 2010 quando, depois de vencer longas votações no Congresso, o Presidente dos Estados Unidos Barak Obama cumpriu promessa de campanha e derrubou a proibição da presença de homossexuais assumidos em suas Forças Armadas, dando um largo passo em direção à igualdade e abolindo a hipócrita política "Don't ask, don't tell" (não pergunte, não conte), daqui por diante citada no texto pela sigla DADT.
Em apenas dois dias, foi votada a histórica decisão que se arrastava há anos.
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Em 1993, o Presidente Bill Clinton começou o processo, igualmente promessa de campanha, de tentar eliminar a discriminação contra minorias gays e lésbicas nas forças armadas americanas.
Uma política raivosa, comandada pelo senador Sam Nunn e - que ironia! - pelo super poderoso general negro Colin Powell, cortou as pretensões dos planos de Clinton.
A partir de então, para cumprir a constituição americana que determina a igualdade, foi usado o subterfúgio de evitar que gays e lésbicas se alistassem. Se passassem por este crivo, mais tarde, na absurda hora de responder sobre orientação sexual, os militares poderiam investigá-los e desligá-los.
A lei dava aos militares o direito de julgar qualquer motivo considerado suspeito: gestual que poderia sugerir homossexualidade, amigos gays, leitura de publicações direcionadas ao público LGBT e apontava a “não conformação com estereótipos de gênero” - presumindo que homossexuais não eram bons o suficiente para prestar serviço militar. Ou dar a vida, se necessário, nas inúmeras guerras em que os EEUU participam.
A política DADT foi tão agressiva que se tornou emblemático exemplo do preconceito da sociedade americana contra aqueles que apenas desejavam servir sua pátria. A ONG Service Members Legal Defense Network (SLDN) - que dá consultoria aos militares gays -informa: de 1993 a 2010, cerca de 14 mil servidores foram expulsos pelo simples fato de sentirem atração por pessoas do mesmo sexo.
Novo ativismo
A pop star Stephani Germanotti, a Lady Gaga, é um exemplo do novo perfil de ativista surgido apos a implantação da DADT.
Frequentadora e doadora de fundos em muitos eventos gays e participante da Marcha Nacional da Igualdade em Washington (outubro de 2009), tornou-se ícone quando foi ao evento MTV Music Video Awards acompanhada por ex-militares gays dispensados das Forças Armadas.
Lady Gaga também gravou vários vídeos no YouTube pedindo adesão de seus admiradores. Interrompeu uma turnê para comparecer a evento no Maine, onde ajudou a pressionar os dois senadores republicanos daquele estado americano a apoiar a causa.
O tenente Dan Choi, oficial de infantaria graduado na Academia Militar de West Point em 2003, serviu no Iraque entre 2006 e 2007, saiu do armário durante uma emissão do programa de tv The Rachel Maddow Show e publicou uma carta aberta ao presidente Obama.
Com outros 38 alunos de West Point, criou a "Knights Out" (algo como "Cavaleiros Assumidos") para “ajudar a alma mater das futuras legiões de lideres militares a conscientizar oficiais sobre a honra devida aos sacrifícios das tropas gays, lésbicas, bissexuais e transgêneres”.
Nova liderança é a trans Autumn Sandeen, reformada desde 2000 no posto de oficial de Primeira Classe. Ela serviu por 20 anos na Marinha Americana como homem mas, conhecendo as regras, se ocultou muito bem dentro do armário, o suficiente para não sofrer uma investigação DADT.
Em 30 de novembro de 2010, 17 anos depois da era Clinton, Obama recebeu um documento de 362 páginas a partir de pesquisas que custaram cerca de 9 milhões de dólares onde estava claro que “a grande maioria das tropas concordava com o fim das restrições aos gays e lésbicas fardados e que, se acontecessem, as restrições humanas seriam mínimas”.
Foi distribuída à imprensa a seguinte nota, assinada pelo Presidente : “Com o fim da política 'Don't Ask, Don't Tell” os Estados Unidos não vão mais negar o engajamento de milhares de patriotas forçados a deixar a carreira militar, apesar de anos de exemplares performances só porque são homossexuais. E eles nunca mais precisarão viver na mentira para servir o pais que tanto amam”. ********************************************************************
Um comentário:
"E eles nunca mais precisarão viver na mentira para servir o pais que tanto amam"
mto tocante essa declaração... um grande passo para igualdade...
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