"Nasceu em 1953 no município de Itabirinha, no estado de Minas Gerais, na região do Médio Rio Doce

Aos dezessete anos de idade, mudou-se com sua família para o estado do Paraná, onde se alfabetizou e se tornou produtor gráfico e jornalista

Na década de 1980, passou a dedicar-se exclusivamente ao movimento indígena. Em 1985, fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa a promover a cultura indígena. 

Teve emenda popular assegurando sua participação no Congresso Nacional do Brasil para o processo constituinte em 1986.[5]

Participou da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição Brasileira de 1988, na qual protagonizou uma das cenas mais marcantes da mesma: em discurso na tribuna, pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo, segundo o tradicional costume indígena brasileiro, para protestar contra o que considerava um retrocesso na luta pelos direitos dos povos indígenas brasileiros.[6]

Em 1988, participou da fundação da União dos Povos Indígenas, organização que visa a representar os interesses indígenas dentro do cenário nacional. 

No ano seguinte, participou da Aliança dos Povos da Floresta, movimento que visava ao estabelecimento de reservas naturais na Amazônia onde fosse possível a subsistência econômica através da extração do látex da seringueira, bem como da coleta de outros produtos da floresta. 

Retornou a Minas Gerais, onde passou a se dedicar ao Núcleo de Cultura Indígena

Desde 1998, a organização realiza, na região da Serra do Cipó, em Minas Gerais, um festival idealizado por Ailton: o Festival de Dança e Cultura Indígena, que visa a promover a integração entre as diferentes etnias indígenas brasileiras. Em 1999, sua obra O Eterno Retorno do Encontro foi publicado no livro A Outra Margem do Ocidente,[7] organizado por Adauto Novaes.[8]

Nos anos de 2007 e 2008 Ailton concedeu entrevista para o Museu da Pessoa, quando compartilhou em detalhes memórias sobre a sua infância junto aos seus parentes e sobre as sucessivas migrações que passaram com o processo de invasão e ocupação do território por eles habitado, por empreendedores, madeireiras, serrarias, colonos, criadores de gado, entre outros.

 Na entrevista disse que no período da infância naquela terra "a gente estava tão pleno de vida, que tudo quanto injeção que a gente pegou da vida ali, potencializou pra gente viver em qualquer lugar do mundo".

No ano de 2014, Ailton foi um dos palestrantes do seminário internacional intitulado Os Mil Nomes de Gaia, ocorrido no Rio de Janeiro sob organização de Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo do Museu Nacional, e Deborah Danowski, filósofa da PUC-Rio.

 Em abril de 2015, durante a Mobilização Nacional Indígena, convocada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – Apib, foi lançado um livro da coleção Encontros,[10] da Azougue Editorial, com seu nome que reúne diversas entrevistas concedidas por Ailton Krenak, entre 1984 e 2013. 

Os textos foram organizados pelo editor Sérgio Cohn e contam com apresentação do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.[11][12]

No dia 18 de fevereiro de 2016, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) concedeu, a Krenak, o título de Professor Doutor Honoris Causa, um reconhecimento pela sua importância na luta pelos direitos dos povos indígenas e pelas causas ambientais no país. 

Nesta mesma universidade, Krenak leciona as disciplinas "Cultura e História dos Povos Indígenas" e "Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais", ambos em cursos de especialização.[3]

Em novembro de 2016, o Instituto Socioambiental (ISA) publicou em sua página oficial na web uma entrevista realizada em setembro do mesmo ano, com Ailton Krenak sobre os impactos no território Krenak ocasionados pela rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco/BHP Billiton, da Vale em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), o maior crime socioambiental já registrado no Brasil, ocorrido em novembro de 2015. 

Na entrevista, Krenak defende que o ocorrido é melhor entendido não como um acidente, mas, sim, um incidente. 

Em sua palavra: "Não foi um acidente. Quando eu ouço perguntarem sobre ‘o acidente’ de Mariana, eu reajo dizendo que não foi um acidente. 

Foi um incidente, no sentido da omissão e da negligência do sistema de licenciamento, supervisão, controle, renovação das licenças, autorização de exploração". 

Muitos indígenas foram afetados pelo desastre, uma vez que o Rio Doce é utilizado para pesca por indígenas e o leste mineiro, por onde corre o Rio Doce, abriga tribos indígenas.


Sobre o modo capitalista de exploração dos recursos naturais, em especial, do rio Doce, tomando o caso em Mariana como discussão, Ailton Krenak expõe que tem dificuldade de falar sem se indignar. 

De acordo com ele, ainda em fala concedida ao ISA, em 2016: "Watu, que é como nós chamamos aquele rio, é uma entidade; tem personalidade. Ele não é um ‘recurso’ [...] 

O rio está em coma. De certa maneira, essa prontidão que as pessoas estão vivendo na margem do rio agora deixa elas no mesmo estado simbólico de coma em que o corpo do rio está. 

Eu vejo isso como uma coisa tão assustadora, que tenho dificuldade de falar no Watu sem me revoltar". 

A entrevista completa realizada com Krenak faz parte do livro Povos Indígenas no Brasil 2011-2015,[14] publicado pelo ISA. Nele, Krenak fala sobre a luta pelo reconhecimento de terras indígenas em Minas Gerais, a política dos "brancos" para o Brasil, e ataques aos direitos dos índios.[15]

Entrevista com Ailton Krenak

Foi assessor especial do Governo de Minas Gerais para assuntos indígenas de 2003 a 2010. Atualmente se encontra na Serra do Cipó (MG), onde está envolvido na ONG Núcleo de Cultura Indígena.[

 Realiza trabalhos na linha da temática indígena, aborda questões sobre a relação do índio com o meio ambiente, bem como com sua cultura local, lutando contra a sua discriminação pela sociedade.

 Realiza um trabalho sobre a sistematização dos primeiros contatos dos indígenas com os europeus e sua relação com a contemporaneidade, sendo um balanço entre passado e presente. 

Nessa lógica, o balanço se dá pelo fato, de que nos dias atuais, há expedições desconhecidas que ocupam determinados locais habitados por índios, sem se preocupar com o próximo

Ailton Krenak participou de uma série na Netflix chamada Guerras do Brasil produzida em 2018, que relata com detalhes a formação do Brasil ao longo de séculos de conflito armado, começando com os primeiros conquistadores até a violência na atualidade.[17]

Krenak no 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, novembro de 2023

Em 2000 protagonizou o documentário Índios no Brasil produzido pela TV Escola que, dividido em dez partes, aborda a identidade, línguas, costumes, tradições, a colonização e o contato com o branco, a briga pela terra, a integração com a natureza e os direitos conquistados dos indígenas até fins do século XX. 

Sendo o narrador principal, Ailton Krenak dialoga constantemente com o interlocutor no decorrer do documentário. 

Em 2021, lançou o livro Ideias para Adiar o Fim do Mundo,[ uma das obras mais vendidas das livrarias brasileiras, com versões lançadas em inglês, francês e alemão.]

Em março de 2023 assumiu a cadeira 24 da Academia Mineira de Letras, tornando-se o primeiro indígena a ingressar na instituição."

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