1900-1944 |
23 de junho de 2003. Musée de l'Air et de l'Espace de Le Bourget, arredores de Paris. Olivier d’Agay e outros herdeiros de Saint-Exupery assistem cerimônia de apresentação das peças do avião do célebre piloto-escritor (trem de aterrisagem e uma parte do motor) encerrando um mistério de 59 anos.
31 de julho de 1944. Borgo, Córsega. 8.45 da manhã, condições meteorológicas muito favoráveis. Antoine de Saint- Exupery assume o comando de seu n°223 e parte para uma missão de reconhecimento fotográfico, destinada a preparar o desembarque aliado na região da Provence, sul da França.
O vôo do pai do “Pequeno Príncipe” foi monitorado pelos radares aliados até sua passagem pela costa francesa, em torno das 9 h 30 min. Embora os radares alemães não tenham registrado nenhum avião abatido, o piloto nunca mais voltou.
Um mistério que seria decifrado, quase sessenta anos depois pelo mergulhador profissional Luc Vanrel que trabalhava para o Departamento de buscas arqueológicas sub-aquáticas e submarinas (Drassm). Vanrel encontrou as peças que seriam apresentadas em Le Bourget, no fundo do Mediterraneo na Ilha de Riou, próximo a Marselha.
Aristocracia e sonho
Antoine Jean Baptiste Marie Roger de Saint-Exupéry nasceu em 29 de junho de 1900 em Lyon, França. Filho de Jean-Marie Saint-Exupéry e Marie Boyer de Fonscolombe, terceiro de cinco irmãos de uma família aristocrática.
A figura da mãe foi fundamental para sua formação: Marie era uma intelectual amante das artes, sempre pacífica, tranquila e apoiando as escolhas dos filhos.
Órfão de pai aos 4 anos, passou a infância no castelo da família materna. Foi aluno problemático no Colégio de Jesuítas Notre Dame de Saint Croix, frequentemente castigado pelo desinteresse nos estudos e punido pela desordem no material escolar.
Piloto de Guerra
Reprovado no exame de admissão para a Marinha e visitante assíduo do castelo Saint Maurice de Reims, de propriedade de uma tia, Saint-Exupéry fez amizade com os pilotos e mecânicos de um pequeno campo de aviação das proximidades.
Chamado para o serviço militar, preferiu se alistar no 2º regimento de Aviação de Caças em Neuhof, perto de Estrasburgo.
Seis meses de instrução em Rabat o tornaram um piloto de guerra com graduação de segundo tenente.
Um grave acidente interrompeu a carreira de piloto militar. Piloto Civil.
Com mais nove meses de instrução, conseguiu o brevet de piloto civil e começou a trabalhar para a empresa aérea Latécoère, mais tarde conhecida como Empresa Geral Aeropostal.
Junto com Jean Mermoz, Henri Guillamet e outros pioneiros, implantou a rota Paris-Dakar e, na América do Sul, estabeleceu as primeiras rotas aéreas entre o Brasil, a Argentina e o Chile.
Resgatou aviões da empresa perdidos no deserto do Saara e quebrou diversos recordes de tempo de vôos Paris-Saigon e Nova York-Punta Arenas, na Terra do Fogo.
O campo de pouso do Campeche, bairro de Florianópolis, era ponto de parada obrigatória de reabastecimento e descanso para as linhas que transportavam correio aéreo entre a Europa e a Argentina.
Saint Exupery ali esteve muitas vezes entre 1926 e 1931, convivia com os locais, pescava e frequentava os bailes do Lira Tênis Clube.
Os moradores o chamavam de Zé Perri.
Os moradores o chamavam de Zé Perri.
Piloto de Guerra outra vez
No começo da segunda guerra mundial, a Força Aérea Francesa precisou de sua experiência.
Com o posto de capitão, foi designado para Toulouse e atuou no esquadrão 2/33 de reconhecimento em Orconte, província de Champagne. Após o armistício, assinado pela França em 1940, Saint-Exupéry se exilou nos Estados Unidos e, quando este país ingressou na guerra, se alistou sob o comando dos americanos, pilotando os Lightning P-38.
Considerado muito velho para pilotar, Saint Exupery, que estava na reserva desde 1943, conseguiu autorização para efetuar cinco missões, no 33º grupo de reconhecimento, unidade composta apenas de franceses.O vôo fatal seria o penúltimo da série.
Consuelo
Saint Exupery conheceu, em Buenos Aires, a salvadorenha Consuelo Suncin de Sandoval (1901-1979, escultora e pintora) já duas vezes viúva.
A segunda viuvez,de Enrique Gomez Carillo, escritor guatemalteco, lhe deixou imensa fortuna.
No 3º casamento, em 23/4/1931 a noiva se vestia de preto e trazia nas mãos um ramo de flores vermelhas.
A relação tinha altos e baixos e Mme Saint-Exupery resolveu ir viver em Oppede, comunidade de artistas
Em 2000, a Editora Bom Texto lançou “Memórias da Rosa”, onde Consuelo pega pesado e arranha a imagem do escritor, piloto, Cavaleiro e Oficial da Legion d’Honneur, vencedor, com Vôo Noturno, do Prêmio Literário Femina - o mais importante da França.
No livro é acusado de “ser egoísta, volúvel, autodestrutivo, ingrato, cruel, consumidor de álcool e ópio, além de freqüentar orgias”.
Criticar em ausência. (na verdade, em desaparecimento) é uma atitude abominável.
Saint-Exupery que teve sua efígie estampada na última nota de 50 francos antes do euro e uma exposição comemorativa do centenário de nascimento no Pantheon - onde repousam os heróis de sua pátria - não merecia este cruel epitáfio.
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Munida de imensa boa vontade,dediquei um tempo precioso à “A verdadeira história do Pequeno Príncipe”, de Alain Vircondelet (Novo Século Editora,2008) para tentar mudar de opinião.
A força feita pelo autor para limpar a barra de Consuelo-a partir dos documentos deixados pelo espólio da viúva e administrados pelo seu "legatário universal"- não me convenceu.
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BIBLIOGRAFIA de Antoine de Saint Exupery
O aviador (1926)
Correio do sul (1929) Vôo noturno
(1931)
Terra dos homens (1939)
Piloto de guerra (1942)
O pequeno principe (1943)
Cartas do Pequeno Príncipe (correspondência)
Em Janeiro de 2015, a obra-prima de Antoine de Saint Exupéry, O
Pequeno Príncipe, entrou em domínio público em boa parte do
mundo (exceto nos EUA e na França)
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Site oficial - www.saint-exupery.org
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