Em livro, investigador levanta novos dados sobre a morte de García Lorca
Na madrugada de 18 de agosto de 1936, o escritor espanhol Federico García Lorca foi fusilado junto a uma oliveira na estrada que une os municípios espanhóis de Víznar e Alfacar. Sobre antes e depois do fusilamento, o investigador Gabriel Pozo contribui com novos dados para o caso com o livro "Lorca, o Último Passeio", da editorial Almed, ainda sem edição em português.
"O aprisionamento e o fusilamento de Lorca começam a ser desvendados
García Lorca detestava a política partidária e resistiu à pressão de seus amigos para ingressar no Partido Comunista.
O poeta foi detido em 16 de agosto de 1936 na casa de Los Rosales --morada dos seus amigos falangistas de apelido Rosales--, por Ramón Ruiz Alonso, um ex-deputado da Confederación Española de Derechas Autônomas (CEDA).
Direitista fanático, Ruiz Alonso sentia um profundo ódio pelo ministro socialista Fernando de los Rios, que era amigo de Lorca, e também pelo próprio poeta."
(divulgação- trecho publicado no site BOL-Notícias em 11/12/2009)
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Gabriel García Lorca
Artista multimídia e poeta
A situação política da Espanha em 1936, após a eclosão da Guerra Civil, obrigou Federico Garcia Lorca a voltar de Madrid para a Granada de sua infância onde estaria, assim imaginava, mais protegido
Suas tendências homossexuais, entretanto, não eram bem vistas pelo regime de extrema direita do General Franco.
Ele não fazia idéia, mas seria uma das primeiras vítimas da tirania fascista que acabava de tomar o poder.
Uma denúncia anônima resultou na prisão e execução (em 19/8/1936) daquele que é considerado o mais importante, mais traduzido e encenado autor espanhol do século vinte.
Federico Garcia Lorca nasceu em 5 de junho de 1898 em Fuente Vaqueros, o mais velho dos 3 filhos do fazendeiro Federico Garcia Rodriguez e da pianista Vicenta Lorca Romero.
Em 1909 a família mudou-se para Granada onde, muito jovem, estudou música com um antigo discípulo de Verdi.
Concluídos os estudos básicos, inscreveu-se em 1914 na Universidade de Granada nos cursos de Direito, Filosofia e Letras
Geminianamente talentosa e dotada para as comunicações , a mente de Garcia Lorca abrangia um amplo espectro de atividades.
Encantou-se pela poesia, astronomia e arquitetura da cultura árabe que seriam, no futuro, temas para muitos de seus poemas.
O produtor cultural
A primeira obra “Impresiones y Viajes” é de 1919, ano em que abandona a faculdade e se instala em Madrid, onde viveria de sua arte como escritor e pintor pelos próximos quinze anos.
Ali vieram a público suas primeiras obras literárias: o "Libro de Poemas" e a primeira peça para teatro :"Mariana Pineda".
Foi também em Madrid que se consolidou a amizade com o grande mestre do surrealismo Salvador Dali.
Organizador de eventos ( o que hoje seria um produtor cultural), lia seus poemas em público e colecionava canções folclóricas
A mídia começou a lhe abrir as portas e, a partir de 1925 , seu trabalho passa a ser publicado com regularidade. Participante da nova intelectualidade de vanguarda, torna-se amigo do cineasta Luís Buñuel e lidera um grupo de poetas que viria a revolucionar a literatura espanhola.
Um poeta em Nova York
Em 1928, sua origem andaluza inspira os dezoito poemas do “Romancero Gitano”, que lhe traz fama e celebridade.
Um ano depois, como bolsista da Columbia University e morando no Harlem, Garcia Lorca reúne algumas criações no livro “ Poeta en Nueva York”, de inspiração surrealista. Criticando a então moderna civilização norte-americana que, na sua visão, desumanizava e fomentava a desigualdade social.
De volta à Espanha em 1932, já proclamada a República, participa de um congresso de estudantes hispânicos, a partir do qual idealiza e monta o grupo universitário ambulante “A Barraca”, com o objetivo de divulgar pelas aldeias da Andaluzia seu trabalho e os textos clássicos do Teatro Espanhol ( Lope de Vega e Cervantes, entre outros)
Como conferencista e dramaturgo obteve, em 1933, um enorme sucesso na visita ao Brasil, Argentina e Uruguai.
Mártir da Ditadura Franquista
Em fevereiro de 1936, coletava assinaturas para o Manifesto pró Frente Popular enquanto comemorava o sucesso de suas peças “A Casa de Bernarda Alba”, “Yerma”, ”Bodas de sangre” e “Dona Rosita, a solteira”.
Na mesma época, agendava novamente uma série de conferências pela América Latina
A viagem, marcada para o verão, começaria por uma visita a amigos em Nova York e continuaria pelo México, Colômbia e terminaria na Argentina.
Mas, a situação vigente na Europa ( quando o General Franco dava início à guerra civil espanhola) e a condição de socialista convicto fizeram com que Federico, aos 38 anos, após denúncia anônima, fosse preso por Ramón Ruiz Alonso, um ex-deputado católico.
Artista multimídia e poeta Esta figura nefasta, que se tornou chefe da famigerada “Esquadra Negra”, afirmou na ocasião que Lorca era “mais perigoso com a caneta do que outros com um revólver”. Levado de carro até a aldeia de Vaznar foi fuzilado com um tiro na nuca. A brutal execução teve repercussão mundial.Por ter sido assassinado pela ditadura de Franco, a obra de Federico Garcia Lorca foi pouco divulgada e até censurada na Espanha, onde seus livros foram queimados em praças públicas.
Gênio multifacetado
Músico, escritor e artista plástico, inspirado na cultura dos ciganos e na voluptuosidade da dança flamenca, iniciado no surrealismo pelos amigos Salvador Dali e Luís Buñuel, Garcia Lorca é até hoje, ao lado de Cervantes, o mais publicado e traduzido autor espanhol. Seus livros continuam a vender muito bem e suas peças são sempre encenadas, ano após ano. Tornou-se uma figura emblemática da discriminação e do preconceito e muitos poetas e escritores em todo o mundo se encarregaram de divulgar sua figura e sua obra.
No Brasil, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Murilo Mendes, entre outros, escreveram sobre ele. --------------------------------------------------
“Se le vio, caminando entre fusiles
por una calle larga,
salir al campo frío,
aún con estrellas, de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El pelotón de verdugos
no osó mirarle a la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ¡Ni Dios te salva!
Muerto cayó Federico sangre en la frente y plomo en las entrañas
Que fué en Granada el crimen,
!pobre Granada!, en su Granada.”
Antonio Machado *********************************************
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