segunda-feira, 16 de maio de 2016

Tributo ------ Morre Cauby Peixoto

Cantor  faleceu  em São Paulo,na noite de ontem, 15/5/2016, aos 85 anos.


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REPOSTAGEM

 

(Foto : Vera Vieira)

Anjo não tem idade e Cauby continua uma atração nas noites de segunda-feira no Bar Brahma, verdadeiro templo da noite paulistana, localizado na mais famosa esquina brasileira (Av. Ipiranga com São João), em temporada que já dura mais de dez anos. Com a casa lotada toda semana.

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“ Caubi ou Caiubi - Pessoa charmosa, amável e expressiva, muito criativa e um tanto curiosa. Gosta de compartilhar tudo com os outros é o tipo de pessoa que não consegue guardar suas idéias só para si. Sempre de bom astral, é daquelas que adora festa”.

O significado do nome escolhido pelos pais é a cara do aquariano Cauby Peixoto. Trabalhando direto, desde a década de 40, é o cantor que tem mais tempo de atividade no cenário artístico brasileiro. Um dândi, um cavalheiro.

A música sempre esteve no sangue da família: o pai era violonista, a mãe tocava bandolim, os irmãos Araken e Moacir também instrumentistas, as irmãs Andiara e Iracema cantoras, o tio Romualdo Peixoto era pianista e o primo Ciro Monteiro cantor e compositor famoso.

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Nascido em Santa Rosa, bairro de Niterói (RJ), em 10 de fevereiro de 1931, Cauby Peixoto Barros, filho de Elisiário Peixoto, mais conhecido como Cadete e Alyce de Carvalho Peixoto. Aos 16 anos - depois de cantar no coro da Igreja católica que a família frequentava e trabalhando no comércio - já queria um palco de qualquer maneira. 

Sempre contou nas entrevistas que deu aquele “jeitinho brasileiro” e apresentou um documento onde declarava ter 19 para cantar como profissional.

No escurinho da boate Oásis (em Copacabana), entre duas pilastras e uma cortina providencial, a voz já grave dava seu recado, até que o proprietário descobriu que o artista era menor de idade e acabou com a festa.

Edson Collaço Veras, o empresário conhecido como Di Veras, seu mentor, morto em 2005, maranhense e excelente marqueteiro percebeu o potencial do jovem e ajudou a polir o artista e a construir um produto novo, inspirado na carreira de ídolos americanos: desmaios de moças na platéia e, diz a lenda, roupas apenas alinhavadas que se rasgavam quando eram puxadas pelas fãs

E assim surgiram dois em um: o crooner (cantor que se apresenta com orquestra completa e interpreta vário gêneros musicais) e o artista intimista, cantando olho no olho com o público.




Em 1954, já um ídolo nacional, graças a “Conceição”, tentou carreira nos Estados Unidos, com o nome Ron Coby, mas a empreitada não deu certo. De volta ao Brasil comprou, com os irmãos Moacir e Araquém, a boate “Drink”.

Em 1959, retornou aos EUA para uma temporada de 14 meses, participou de espetáculos, de aparições na televisão e gravou, em inglês, Maracangalha (Dorival Caymmi), que virou "I Go".

Numa terceira visita, participou do filme Jamboreé, da Warner Brothers.

Durante toda a década de 1960, limitou-se a apresentações em boates e clubes.

Em 1970 ganhou o Festival Internacional da Canção, em San Remo, Itália. Atravessou - sempre atuando em casas noturnas do Rio e de São Paulo, sem deixar sua forma tão pessoal - os movimentos Jovem Guarda, Bossa Nova e Tropicália.

Em 1980, em comemoração dos 25 anos de carreira, lançou pela Som Livre o disco Cauby, Cauby, com composições escritas especialmente para ele por Caetano Veloso (Cauby, Cauby), Chico Buarque (Bastidores), Tom Jobim (Oficina), Roberto Carlos e Erasmo Carlos (Brigas de amor). A voz doce e aveludada tinha conquistado públicos refinados e críticas entusiasmadas. N

o mesmo ano, apresentou-se nos espetáculos Bastidores (Funarte, Rio de Janeiro) e Cauby, Cauby, os bons tempos voltaram, na boate Flag (SP).

Numa entrevista em 1998, o cantor declarou que aprendeu a ser “feminino e masculino” com os falsetes de Dalva de Oliveira, com os finais de Angela Maria, com a interpretação de Elizeth Cardoso e um pouco com Liza Minelli no palco (as três primeiras cantoras cariocas e Liza Minelli, filha de Judy Garland e, como a mãe, atriz e cantora).

Em 1989, os 35 anos de carreira foram comemorados num show no bar e restaurante A Baiúca (São Paulo), ao lado dos irmãos Moacir, Araquem, Iracema e Andiara (vozes).

No mesmo ano, a RGE relançou o LP Quando os Peixotos se encontram, de 1957.

Em 1993, foi o grande homenageado, ao lado de Ângela Maria, no Prêmio Sharp. Foi lançada pela Columbia caixa com 2 CDs abrangendo as gravações de 1953 a 1959, com sucessos como Conceição entre outros.

Segundo sua empresária, os anos vividos não contam porque “anjos não têm idade”.

Em 2001, o jornalista Rodrigo Faour publicou pela Editora Record, o livro “Bastidores — Cauby Peixoto: 50 anos da voz e do mito”, elogiado pela crítica como uma das melhores biografias ligadas à música brasileira.

Em 2006, Diogo Villela protagonizou no teatro o musical “Cauby! Cauby!” com texto de Flávio Marinho que foi editado pela Imago.


Cauby é tratado carinhosamente pelos colegas de "O Professor", o que mostra o respeito e admiração que inspira.

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