sábado, 3 de julho de 2010

Centenário da Revolta da Chibata

*Obrigada ao leitor Dual que mesmo na postagem das primeiras linhas , durante a madrugada de ontem para hoje,deixou comentário pedindo fotos.Elas aí estão,meu leitor.
*A Paulo Tamburro, do blog "Humor em Textos", também agradeço o comentário e explico que numa das edições(idas e vindas) para acrescentar as fotos..ele foi apagado sem querer.Desculpe,Paulo.
(prisão de João Candido)
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"O Navegante Negro, Mestre Sala dos Mares"
No dia 23 de julho de 2008,o Presidente Lula sancionou a anistia póstuma a João Candido Feslisberto,líder da revolta da Chibata
A autora do projeto de anistia foi a Senadora Marina Silva, em 2002
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O episódio histórico conhecido por "Revolta da Chibata" foi um movimento planejado durante cerca de dois anos por militares da Marinha do Brasil, indignados com a apliacção de castigos físicos (chibatadas) que recebiam como punição.

Os mais de dois mil marinheiros amotinados agiram entre o final de novembro e retomado em princípio de dezembro de 1910, sob a liderança de João Candido Felisberto, tendo como pano de fundo o Encouraçado Minas Gerais (foto) e a baía de Guanabara, Rio de Janeiro,então capital do Brasil
O estopim da revolta foram as 250 chibatadas, em lugar das 25 "normais" em presença da tropa formada e ao rufar dos tambores, aplicadas ao marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes do 'Minas Gerais",que trouxe cachaça para bordo e feriu com uma navalha o Cabo que o denunciou.

Durante os poucos dias do motim, seis oficiais foram mortos, entre eles o comandante do Encouraçado Minas Gerais, João Batista das Neves (foto:marinheiros revoltosos)

Retomada dos castigos físicos Os castigos físicos que haviam terminado na Marinha,logo no dia seguimte ao da Proclamação da República (15/11/1889), foram retomados em 1890,sendo aplicadas legalmente essas bárbaras penalidades: "Para as faltas leves, prisão a ferro na solitária, por um a cinco dias, a pão e água; faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e cinco chibatadas, no mínimo."

Os oficiais brancos comandavam marinheiros prediominantemente negros ou mulatos que,viajando pelo mundo e observando os hábitos de países desenvolvidos-principalmente na Inglaterra,em 1909-perceberam que os castigos físicos eram degradante herança da escravidão,abolida em 1888.

Os novos equipamentos adquiridos pelo governo republicano, o supra sumo da modernidade na época, não eram compatíveis com o códigos de disciplina vindos dos séculos 18 e 19.A revolta da armada imperial russa,no Encouraçado Potemkin em 1905 foi estudada cuidadosamente pelos conspiradores.

Durante a estadia na Inglaterra, o marinheiro João Cândido Felisberto formou,na clandestinidade, um Comitê Geral. A idéia era formar uma ramificação em cada navio que aderisse ao motim.

"Mão Negra"

Em 1910, aderiu à revolta o marinheiro Francisco Dias Martins, vulgo "Mão Negra", que tinha grande facilidade para escrever e se comunicar e trazia a fama de ser autor de uma carta aos oficiais, com esse pseudônimo, contra as chibatadas aplicadas numa recente viagem ao Chile.

O Comandante Batista das Neves voltava de um jantar com a oficialidade do navio francês Duguay-Trouin quando foi abordado e morto a tiros e coronhadas.

Na sequência cinco oficiais que saíram de seus camarotes com o tumulto,foram -igualmente assassinados.Cercados pelos amotinados e, depois de uma curta luta, mataram-no a tiros e a coronhadas.

Sem oficiais a bordo, os encouraçados São Paulo (o segundo maior navio da Armada à época) e Deodoro, o cruzador Bahia, e mais quatro navios menores ancoradas na baía, aderiram a revolta
Em 23 de novembro, o marinheiro de primeira classe João Cândido Felisberto liderou ultimato que ameaçava a cidade,escrito novamente por Mão Negra:

"O governo tem que acabar com os castigos corporais, melhorar nossa comida e dar anistia a todos os revoltosos. Senão, a gente bombardeia a cidade, dentro de 12 horas. Não queremos a volta da chibata. Isso pedimos ao presidente da República e ao ministro da Marinha. Queremos a resposta já e já. Caso não a tenhamos, bombardearemos as cidades e os navios que não se revoltarem."

Abalados com a audácia da subversão da hierarquia militar e tendo a população carioca apenas como espectadora e sem tomar partido, o Governo Federal,o Congresso e a Marinha não sabiam o que fazer. Dois pequenos navios tentaram atacar o dos amotinados,mas sem sucesso.

O Palácio do Catete, sede do Poder Executivo foi atingido com disparos e chegou a hora do deputado e capitão-de-mar-e-guerra José Carlos de Carvalho começar seu trabalho de negociador entre os marinheiros e as autoridades.

No dia 25 de Novembro, o então Ministro da Marinha, almirante Joaquim Marques Batista Leão soltou o comunicado: "hostilize com a máxima energia, metendo-os a pique sem medir sacrifícios.",enquanto o Congresso Nacional votava a anistia para os revoltosos( imagem abaixo:matéria do "Correio da Manhã" repercute a Anistia)


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Dia 4 de dezembro de 1910- Tudo parecia resolvido,acalmado e decidido quando quatro marujos foram presos,acusados de conspiração.João Candido se manifestou contra essa atitude.

E,então, no dia 9 foi a vez dos fuzileiros navais se rebelarem na Ilha das Cobras.Forte bombardeio continuou mesmo depois de ser hasteada uma bandeira branca No final do segundo ato do motim, apenas cem dos seiscentos marujos que participaram do fato histórico sobreviveram

Dezoito foram enterrados numa rocha onde foi atirada cal virgem, de alto poder corrosivo.Desta tortura com cal apenas João Candido e outro soldado sobreviveram.

Os demais revoltosos foram mandados para os seringais na Amazonia.Sete foram fuzllados durante a viagem
João Cândido foi expulso da Marinha,
O Almirante Negro, como foi chamado pela imprensa , foi internado no Hospital dos Alienados em Abril de 1911, como louco e indigente.

Ele e dez companheiros só seriam julgados dois anos mais tarde, em 1 de dezembro de 1912.
Nasceu em Encruzilhada do Sul RS em 24 de junho de 1880 e morreu em 6 de dezembro de 1969,no Rio.
Está imortalizado na composição de João Bosco e Aldir Blanco "Mestre Sala dos Mares" e foi enredo da Escola de samba paulista Camisa Verde, em 2003 .":A revolta da chibata. sonho, coragem e bravura",com o samba "Minha história: João Cândido, um sonho de liberdade".
de Carlos Jr e Didi.
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